Daniel Bragança, Médio cedido ao Estoril, admite a O JOGO a desilusão pela falta de chances na pré-época, mas, sem desculpas, dá conta do seu desejo de voltar a Alvalade pela porta grande
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Revelando uma paixão pela arte do passe e um "afiado" sentido tático, dissertando sistemas com todo um à vontade, o baixinho Daniel Bragança mostra-se satisfeito por estar a quebrar paradigmas na II Liga e garante não ficar afetado pelas elevadas expectativas de adeptos e analistas no seu futebol - positivas!
Ficou desiludido por não ter tido mais minutos no estágio de pré-época do Sporting?
Vou ser sincero. Quando cheguei ao estágio queria ter minutos para me mostrar. Tentei aproveitar ao máximo todas as oportunidades que tive. Mas um futebolista não pode arranjar desculpas como as poucas oportunidades, tem é que dar o máximo nem que seja em 30 segundos.
Ultrapassada essa experiência sentiu que tinha de sair para jogar mais?
Senti que ia ter poucos minutos ou sequer nenhum... Isso não era um cenário bom para mim porque sou jovem e tinha de jogar para evoluir. Só assim poderia ficar mais preparado para chegar onde quero: à equipa principal do Sporting.
"Fazer um golo é uma sensação incrível, mas prefiro fazer um passe a 30 metros a isolar um colega à frente da baliza"
Acha que tinha lugar neste Sporting?
Tenho é de fazer o meu trabalho e evoluir para, quando tiver a oportunidade, conseguir o meu espaço. Mas agora só penso em ajudar o Estoril até ao final da época.
Olham para si como um jogador hábil com bola, mas há quem lhe aponte lacunas a nível defensivo. Concorda com a análise?
Acho que tenho melhorado. Saí do Sporting para o Farense e, depois, para o Estoril precisamente à procura daquilo que me faltava. Acho que tenho conseguido evoluir nesse aspeto.
Se tiver de escolher entre um golo e um passe a 30 metros a isolar um colega opta por qual?
Fazer um golo é incrível, mas um passe a 30 metros - e nem é preciso ser de tão longe - basta um toque subtil isolar um colega à frente da baliza, sabe bem. Opto pelo passe!
"Só a jogar regularmente é que podia estar preparado para estar onde quero: no Sporting"
A II Liga é vista muitas vezes como uma prova onde reina o físico. Acha que tem quebrado o paradigma do jogador franzino que não consegue explodir nesse contexto?
A II Liga é um bom palco para evoluir nesse aspeto, porque há mais duelos, agressividade, intensidade. Há campos onde é mais difícil jogar e encontramos equipas muito juntas. Isso leva mais ao choque do que à bola a rolar no chão, mas isso só nos faz crescer. Acho que não é por aí que um jogador como eu não consegue sair para outros voos. O Chiquinho, por exemplo, também é franzino e está no Benfica.
O seu nome é muitas vezes apontado nas redes sociais e por diversos analistas no lote de jogadores que deviam estar num patamar superior. Como é que gere as expectativas altas em relação ao teu futebol?
Ser reconhecido é muito bom para um jogador. Mas eu tento, sempre, não me focar nesse aspeto e concentrar-me no que tenho de fazer para evoluir. Tenho é de aproveitar ao máximo o facto de estar a fazer o que gosto e desligar um pouco desses comentários que, repito, são bons de ouvir.
"Um futebolista não pode arranjar desculpas como as poucas oportunidades, tem é que dar o máximo nem que seja em 30 segundos"
"Não sou sucessor do Bruno, sou o Daniel!"
Apontando CR7 e Bruno Fernandes como exemplos a seguir, o médio recusa o estatuto de sucessor do, agora, jogador do United. "Não sou sucessor do Bruno nem de outro. Sou o Daniel Bragança! Se no futuro jogar no lugar dele vou ser eu próprio", atirou. No Estoril, o jovem, de 20 anos, tem jogado como 10, mas garante estar pronto para jogar em qualquer zona do miolo com menor ou maior dificuldade: "Já joguei a 6, a 8 e a 10, mas neste momento acho que o melhor para mim é jogar a 10 ou a 8. Até posso recuar para 6, mas só faria sentido com um treinador que prefira um jogo de posse."
Amoreira como casa ideal para crescer
"Felizmente posso dizer que vim para o Estoril, um clube onde me senti acolhido desde o primeiro dia. Acho que foi o sítio certo para vir e evoluir enquanto jogador. Foi bastante fácil fazer a adaptação a um plantel onde há tanta qualidade, respeito e uma mistura ideal de juventude e experiência."
Os puxões de orelha do capitão Gonçalo
"Todos me têm dado conselhos, além de dizerem onde é que ainda tenho de melhorar. Isso é ótimo para um jogador crescer e evoluir. O capitão, Gonçalo Santos, está sempre a ajudar-me naquilo que tenho de melhorar e diz-me as verdades. Às vezes custa ouvir algumas coisas, mas é bom para o meu futuro."
Evolução positiva dos jovens leões
"Dou-me bem com o Max, com o Miguel Luís, com o Pedro Mendes, com o Jovane e com o Diogo Sousa, que é meu colega de casa. A evolução deles tem sido bastante positiva. Penso que é fácil crescer num clube tão grande e com as condições do Sporting, que sempre lançou aqueles em que acredita e que sente que têm qualidade. É bom que os miúdos que estão em Alcochete sintam que essa aposta existe."
Objetivo de firmar-se no grupo dos sub-21
"Já fiz alguns jogos pelos sub-21 de Portugal e sei que tenho de estar bem no Estoril para poder ir à seleção. Há muita qualidade nesta geração. Faço o meu trabalho e compete-me nas quatro linhas dar o meu melhor. Tenho a certeza que esta geração vai assegurar o futuro do futebol português."