<strong>ENTREVISTA, PARTE 1 -</strong> Paulo Fonseca não esconde a O JOGO que a partida com o Braga é especial, mas espera sair com uma vitória para encaminhar a eliminatória numa prova que encara jogo a jogo e sem promessas de lutar pelo triunfo final.
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Com elogios ao conjunto treinado por Carlos Carvalhal, o treinador dos romanos já avisou os seus jogadores das dificuldades que os aguardam frente a um rival que não vê enfraquecido no mercado.
Este regresso a Portugal e a Braga que sentimentos lhe trazem?
-Não posso negar que é especial voltar a uma casa onde eu fui muito feliz. Onde trabalhei com tantas pessoas que guardo no meu coração e, naturalmente, retornar e ver essas pessoas vai ser um momento especial. Obviamente, vamos ser adversários durante os 90 minutos, mas vai ser uma felicidade enorme voltar a ver as pessoas com quem trabalhei, a maior parte delas permanece lá, e voltar a um clube que me diz muito e que é especial para mim.
Tirando essa parte emocional, como encara esta partida do ponto de vista desportivo?
-Tenho visto praticamente todos os jogos do Braga e principalmente frente ao Sporting e contra o FC Porto. Não me surpreende porque tem um excelente plantel, um grande treinador e pratica um futebol que me agrada muito. É uma equipa ofensiva, uma equipa que gosta de ter a bola. Não tenho a menor dúvida, e já alertei e vou voltar a fazê-lo aqui na Roma, que vai ser um jogo extremamente difícil. Não acredito em qualquer tipo de facilidade. Aquilo em que acredito é que vamos ter um jogo dificílimo contra uma grande equipa, não tenho a menor dúvida quanto a isso.
Numa análise a este Braga, onde considera que estão os pontos mais fortes desta equipa?
-Acho que a equipa do Braga no seu todo é muito forte. Tem características especiais, jogam de forma diversa nos diferentes corredores. É uma equipa muito profunda, que sai bem para o ataque. Uma equipa que gosta de ter a bola e gosta de assumir o comando do jogo. Não vejo, sinceramente, grandes debilidades no Braga. É uma equipa que defende bem, que é agressiva no momento defensivo e trabalha muito nessa fase. Como já disse antes, gosta de ter a iniciativa, atacando de um lado com o Galeno totalmente aberto, do outro com o Esgaio a projetar-se, jogando de forma diversa nos dois corredores. É uma equipa que, com as suas movimentações, cria grandes indefinições nas outras equipas.
Tendo em conta as características do Braga, perspectiva fazer algum tipo de mudanças à forma como a Roma habitualmente se apresenta em campo?
-Obviamente estamos a preparar o jogo do ponto de vista estratégico. Há sempre espaços, movimentos que podemos utilizar em função da forma como o Braga defende e é isso que estamos a preparar. Mas aquilo que é a nossa identidade, os nossos principais princípios não serão alterados. Nós não mudaremos a nossa forma de jogar contra nenhuma equipa. Queremos ser sempre iguais. Agora, do ponto de vista estratégico podemos preparar algumas nuances do ponto de vista das movimentações, da procura do espaço que podem ser importantes contra uma equipa como o Braga.
E o facto de o Braga ter feito algumas mudanças no mercado de inverno, nomeadamente com a saída do Paulinho, um jogador que tinha brilhado na fase de grupos da Liga Europa, mudou algo de significativo na equipa?
-Provavelmente, Sporar não tem as mesmas características do Paulinho, que era um jogador já perfeitamente identificado com a equipa por estar lá há muito tempo. Mas o Sporar é um excelente jogador também. Depois foram buscar ainda o Borja, também ele muito bom jogador. Perderam também o Iuri Medeiros, por lesão, que era um jogador importante para o Braga. Mas penso que não ficaram enfraquecidos com a saída do Paulinho. Acho que até se reforçaram muito bem.
Tratando-se de uma eliminatória a duas mãos, o que pode considerar um bom resultado neste primeiro jogo em Braga?
-Um bom resultado é uma vitória. Mas tenho plena consciência que será muito difícil vencer em Braga. Mas, obviamente, um ótimo resultado seria um triunfo.
Não o conseguindo, considera importante marcar golos fora?
-Sim, é importante neste tipo de eliminatórias marcar golos fora. Somos uma equipa ofensiva e é importante consegui-lo.
A Roma teve algumas lesões, alguns problemas, entretanto vários jogadores regressaram. Como está neste momento a sua equipa para encarar este embate da Liga Europa?
-Estamos bem, a equipa está motivada, num bom momento, percebendo que vai ter pela frente um jogo muito difícil. Estamos ainda com alguns problemas na defesa. Como sabe, jogamos com uma linha de três defesas. Neste momento não temos o Kumbulla nem o Smalling, que estão lesionados e vão continuar ausentes. Mas, do meio-campo para a frente, temos a equipa na sua plenitude. Temos também agora o surgimento do El Shaarawy, que ainda não está a cem por cento fisicamente, mas já vai ficar disponível para jogar contra o Braga. Em termos de lesões é só este problema dos defesas centrais.
Estão definitivamente ultrapassados os problemas que o levaram a afastar Dzeko da equipa?
-Sim, completamente, já há algum tempo.
Na época passada a Roma chegou aos oitavos de final da Liga Europa, onde caiu frente ao Sevilha numa eliminatória que acabou por ser jogada a uma só mão devido à pandemia. Esta época traçou metas mais ambiciosas para a Liga Europa?
-Não, não temos metas definidas. Como eu costumo dizer, a partir de uma determinada fase a Liga Europa é uma mini Liga dos Campeões. Existem tantas equipas fortes que é difícil prever o que possa acontecer. Nós temos é de pensar eliminatória a eliminatória. Agora vamos ter uma muito difícil e vamos querer ultrapassar estas etapas de uma forma sustentada. Mas não há aqui a promessa de vencer a Liga Europa, porque acho impossível fazer isso com tantas equipas fortes. Agora, queremos chegar o mais longe possível, obviamente. O ano passado fomos eliminados pela equipa que acabou por ser a campeã, o Sevilha. Acredito que com mais um ano de trabalho estaremos mais fortes e tentaremos fazer melhor.