"Nuno Santos vê-se a fazer dez anos ao serviço do Sporting. Sair por sair não é inteligente"
Dário Pinto, treinador pessoal do camisola 11, realça momento do canhoto. Braçadeira no jogo com o Farense foi um "orgulho", mas não uma surpresa, face ao peso que o jogador tem no balneário. A O JOGO, o seu preparador vinca que o ala "sente-se valorizado" nos leões.
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Nuno Santos já é um dos centenários na equipa do Sporting e, no primeiro jogo e triunfo da Taça da Liga deste ano, o extremo envergou a braçadeira de capitão. Com passagens pela formação de FC Porto e Benfica, O JOGO tentou saber como encarou este momento.
Dário Pinto, treinador pessoal do atleta, detalha a satisfação. "Tenho a memória de quando ele me contou, no final do verão, de que tinha subido a capitão. Ficou muito orgulhoso. Ele sente muito o clube e ficou muito feliz, sentiu-se valorizado. Foi um passo natural", começou por relembrar ao nosso jornal, defendendo a garra do canhoto: "Às vezes, cai-se em cima do Nuno sem necessidade por causa dos atritos. É uma pessoa excecional. Se falarmos com atletas do Sporting, rapidamente se percebe que ele é sempre uma imagem de compromisso com o trabalho e só os líderes é que fazem isso. Todos dizem que ele lhes "dá na cabeça". É um exemplo de como deve ser um capitão. Fica cinco minutos a falar com um miúdo, só para o tentar ajudar."
Nuno Santos é o ala mais utilizado no plantel do Sporting e este ano a adaptação total tem-lhe valido a titularidade em clássicos e na Liga dos Campeões. "Vai sempre lutar por jogar. O que ele quer é ser útil à equipa. Não teve dúvidas quando lhe apresentaram a ideia de jogar a lateral. Foi natural para ele. Porque está disponível para crescer e porque no Rio Ave também fez o corredor todo algumas vezes", realça Dário Pinto, comentando que, apesar de ser "ambicioso", Nuno Santos está feliz em Alvalade: "Essa questão de querer sair nem se pôs ainda. Acho que curiosidade [para sair de Portugal] terá. Se aparecer a situação certa para ele e para o Sporting, poderá pensar nesse novo desafio. No entanto, acredito que ficará feliz no Sporting. Pelo que me diz, vê-se a fazer dez anos ao serviço do Sporting. Joga na Liga dos Campeões, tem um papel importante e quer títulos. Sair por sair não é inteligente."
Não houve desilusão por ter ficado fora do Mundial"2022. "Sonha com a Seleção, claro. Tinha o desejo de lá estar, terá a vontade de um dia ser chamado e ficou contente por estar nos pré-selecionados, mas tinha noção da forte concorrência. Até lhe prometi que iria ao Catar para vê-lo jogar se ele fosse chamado. Fica para o próximo", termina.
Umas férias sem espreguiçadeiras
Durante as férias de verão, Nuno Santos publicou várias fotografias e sempre com uma bola por perto. O extremo vive o exercício físico, é casado com a ex-jogadora Diana Ribeiro, que passou por Boavista e Valadares Gaia, e não admite, até em tempo de pausa, estar sem desporto.
"Gosta de competir em tudo. Estivemos sentados na espreguiçadeira para aí uns cinco minutos", diz, entre risos, o sócio e treinador que se tornou amigo próximo do natural de Castêlo da Maia. Nuno tem um enorme cuidado com a manutenção dos índices físicos: "Tem presente a lógica de trabalhar para alcançar. Percebe que o trabalho não acaba depois de treinar em Alcochete."
Lesão impediu a afirmação no Benfica
Dário Pinto é sócio de Nuno Santos no projeto "MoveBetter", que acompanha jogadores nos planos de treino, nutrição e recuperação de lesões. Começou a ajudar Nuno Santos em 2016, depois da rotura de ligamentos no joelho esquerdo que sofreu em 2015.
"Estreou-se no Benfica nessa época. Teve de fazer um ano de recuperação pelo problema que teve. No ano seguinte, foi emprestado. É sempre difícil para um jovem afirmar-se. Para se estabelecer, num grande, depois de estar parado seis meses, mais difícil é. A lesão condicionou a afirmação no Benfica", reconhece, precisando porque as lesões não têm batido à porta do jogador que, em 2021/22, fez 50 jogos e não falhou uma única partida por problemas físicos: "Tem duas grandes lesões na carreira, mas fora isso nada. É resiliente e regular. Tentou fazer reforço nessa zona e quer sempre níveis ótimos de força e potência. Não tenho memória de sair de rastos nos últimos dois anos."
Conta-nos até que o canhoto relativizou quando saiu de maca por entorse no jogo 100: "Se o problema no tornozelo fosse de outro grau pararia mais tempo. Mas disse-me logo "ah, já me disseram que é curto o tempo de paragem. E eles já sabem como sou, não vou demorar a voltar"", relata o mesmo interlocutor.
Golo a Casillas reatou crença para o salto
Saiu do Benfica em 2016, foi titular indiscutível no V. Setúbal em 2017 e também no Rio Ave, em 2018. Em 2018/19, Nuno Santos foi travado por nova lesão nos ligamentos no joelho esquerdo. Voltou no último dia de março e, como titular, fez os últimos seis jogos da Liga, com três golos e uma assistência.
"Passou um bom momento no V. Setúbal, mesmo com as dificuldades do clube, e nunca teve dúvidas de se poder afirmar na I Liga. Foi regular nessa primeira época de Rio Ave e lesionou-se depois. Mas quando volta até marca ao Casillas. Ganhou aí uma enorme confiança para a época seguinte", relembra, abordando a motivação do ala em voltar a um grande: "Já confiava muito nas suas capacidades. Sempre achou que ia chegar a esse patamar outra vez."