Nuno Santos vive um bom momento e João Tralhão, que o treinou, destaca-lhe o brilhantismo
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O Sporting perdeu no Bessa e, inequivocamente, o momento mais positivo da noite leonina foi o cruzamento de Nuno Santos para Edwards. Porque deu, na altura, o empate diante do Boavista, mas fundamentalmente porque o centro com o pé esquerdo foi feito de letra. O momento correu mundo e não surpreendeu quem o conhece desde a altura em que era júnior.
Foi de letra que Nuno Santos assistiu Marcus Edwards para, na altura, os leões empatarem 1-1 no Bessa. Esse gesto resulta de "confiança" e de um "grande sentido de baliza". O seu mentor no Benfica elogia-lhe o caráter.
"A equipa vinha de um bom momento. Aquele lance é belíssimo, é aquilo que habituou os adeptos, golos e assistências belíssimas. Já fazia isto nos treinos e neste caso juntaram-se a sua criatividade, irreverência e confiança", diz a O JOGO João Tralhão, treinador que o orientou nos juniores do Benfica em 2013/14, numa época em que o canhoto foi protagonista na chegada à final (perdida) da UEFA Youth League.
"O que mais recordo do Nuno é a sua criatividade. O Benfica identificou-o quando ele jogava no FC Porto e fez-nos das suas, fez-nos mesmo a vida difícil quando o enfrentámos no Rio Ave", recorda Tralhão, duas vezes campeão nos juniores encarnados, relatando essa observação ao extremo, antes de Nuno Santos assinar pelo Benfica, tendo impacto imediato nos juniores.
Posição: Tralhão assinala que o canhoto foi sempre pressionante, logo apto para ser ala
Muitas vezes assobiado por adversários e em várias ocasiões protagonista em conflitos dentro de campo, Nuno Santos, segundo Tralhão, está direcionado para o rendimento: "O Nuno tem esta personalidade, tem um grande caráter. É resiliente e gosta de ultrapassar barreiras. Quando essa irreverência é canalizada para o lado bom, temos um grande jogador. Alinhou-se sempre com os treinadores e afirmou-se, por isso mesmo, em todo o lado por onde passou. Se não o tivesse feito com Amorim não estava no Sporting e neste momento está no topo, tanto na forma, como por representar um clube grande. Adorei trabalhar com ele, nunca tive problemas apesar de lhe ter dado a ele e aos colegas algumas "duras". Ele sempre direcionou o seu caminho e faz a diferença em campo. Vemos um Nuno Santos maduro, mais focado, mas sempre teve rendimento. É mérito dele, de como leva a sua vida, e também da estrutura que o acompanha."
"Adorei trabalhar com ele, nunca tive problemas apesar de lhe dar a ele e aos colegas algumas "duras". Vemos um Nuno mais maduro, mais focado. É mérito dele e da estrutura"
Este ano ganhou a posição de ala esquerdo até nos jogos mais duros. Foi assim em Braga, no campeonato, e pela primeira vez começou a titular nessa posição na Liga dos Campeões, diante do Tottenham.
"Nos juniores, jogávamos em 4x3x3, mas também em 4x4x2. Fazia de extremo dos dois lados, foi falso nove, fez de médio também. Em todas as posições mostrava rendimento e dava indicação de que podia jogar em qualquer posição. Tínhamos uma equipa que ajudava a potenciá-lo e estava próximo do golo porque o nosso ataque era rápido, por exemplo com o Rochinha, com o Gonçalo Guedes ou com o Hildeberto perto do golo. O Nuno não deixa de ter um perfil marcadamente ofensivo, mas sempre foi muito pressionante e agressivo. No posicionamento tem havido mérito para a sua evolução e, claro, é trabalho do Rúben Amorim que o tem adaptado com sucesso", avalia o ex-treinador-adjunto de Mónaco e que espera agora um projeto sólido e com visão para retomar ao trabalho depois da experiência no Vilafranquense, em 2020/21.
Sentido de baliza faz bater médias de aproveitamento
No primeiro ano de Sporting, Nuno Santos fez oito golos e dez assistências. Na seguinte, fez sete passes para golo e marcou dez vezes. Se na estreia pelos leões somava um golo a cada 298 minutos, no último ano já melhorou para 286' por tento. Em 2022/23, iniciou galopante: marca a cada 175', fez três golos, dois deles a jogar como ala, até aqui.
Nuno Santos vai com três golos na terceira temporada pelo Sporting. Já atingiu os 21 tentos de leão ao peito
"Está no topo também por isso. Sempre marcou porque só vê a baliza. Tem instinto a procurar o golo, seja no remate seja no passe", diz Tralhão.
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