"Nunca tive nenhuma afirmação que pudesse pôr em dúvida o meu respeito e gratidão ao Benfica"
Depois da apresentação na segunda-feira, Jorge Jesus é entrevistado este sábado pela BTV
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A diferença: "O que trouxe de lá? Valorizei-me muito como treinador. Olho para a carreira de treinador de modo diferente. Na Arábia Saudita aprendi que tinha de passar valores. Fora do campo não me calo, mas houve uma troca de gestos com umárbitro e fui chamado por um comité. E disseram-me que tinha sido contratado para ser uma referência do futebol saudita e se não fosse assim ia para casa. Eles têm razão. Não vale tudo para ganhar. No Brasil aprendi que tenho paixão pelo futebol. Foram grandes dirigentes, fez-me não só mais compreensivo como mais treinador. O estilo e a adrenalina não me vão mudar no banco. Só mudo quando morrer."
Mind games e Braga: ""Em Portugal há uma guerra verbal intensa. No Brasil favorece-se o futebol. Muitas das vezes tiramos o valor ao produto que é o futebol. Temos de defender os interesses das nossas equipas. Os mind games que tive quando saí, com treinadores, não vou fazer. Isso não ajuda a ganhar jogos. Penso que o Braga está a dar passos para estar mais perto dos grandes. Não tem a matéria humana que os três têm, mas na estrutura vê-se jogadores cada vez com mais valor. Vai juntar-se aos três grandes."
Voltar ao Benfica: "O futebol são ciclos. E as pessoas na altura acharam que o meu ciclo tinha acabado, acabou. É normal. As pessoas entendem que o ciclo acaba e cada um parte para um novo projeto. Neste caso, o presidente achou que o ciclo tinha terminado e contratou-me. As pessoas não podem ficar melindradas. Eu estava num clube em me amavam, em que me adoravam, nunca estive num estádio com tantas pessoas a gritar pelo meu nome. Nunca estive e nunca vou estar e por isso não foi fácil a minha decisão. Só havia uma pessoa que me podia convencer a sair de lá: Luís Filipe Vieira. Que foi ao Brasil convencer-me a sair para o Benfica."
Separação do Benfica: "Nunca tive nenhuma afirmação que pudesse pôr em dúvida o meu respeito e gratidão que tive no Benfica. Eu fui para outro rival. Tenho de fazer o meu trabalho como profissional. Não houve nenhum presidente que trabalhasse seis anos comigo, não houve nenhum presidente que entrasse em minha casa, só o presidente do Benfica é que entra em minha casa. Depois da minha saída ele foi em defesa dos interesses do Benfica e bem. Não me arrependo. Eu não queria falar muito disso porque é falar um pouco daquilo que não é o facto de estar no Benfica neste momento. É pelo meu trabalho que quero que os adeptos me vejam, não é por ter mudado de clube. Dificilmente vou acabar a minha carreira no Benfica. Não penso em acabar a minha carreira no Benfica. Posso acabar, ninguém sabe. O presidente ofereceu quatro anos, eu não quis. Só quis dois. Até só queria um. Aceitei este desafio, queria voltar ao Benfica e a Portugal e a pandemia mudou muita coisa. Só não fui campeão do mundo e não ganhámos a Supercopa, porque foi na primeira semana que cheguei lá. De resto o Flamengo ganhou tudo."