Autoridades suspeitam da ligação dos autores do ataque ao autocarro a elementos "casuals" desta claque de constituição labiríntica e que é uma águia... de várias cabeças.
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O ataque ao autocarro do Benfica na noite da última quinta-feira, após o 0-0 com o Tondela, está a ser investigado pelas autoridades policiais, que crêem na existência de ligação dos autores do apedrejamento aos No Name Boys, claque do Benfica não legalizada.
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Nomeadamente a possibilidade de ter sido um grupo de "casuals" ligados a este grupo organizado de adeptos, que na verdade tem pouco de organização convencional.
Fundados em 1992, os No Name Boys não têm, a exemplo de outras claques, um líder claro e definido. Formado por elementos muitos díspares entre si e com várias ideologias, este grupo, labiríntico, conta com várias fações, sendo que duas delas revelam-se mais poderosas. Perante este cenário, nem sempre é fácil controlar essas diferenças e crenças. Essas fações não têm normalmente boas relações entre si, razão pela qual nos estádios, nomeadamente na Luz, acabam por sentar-se em zonas distanciadas, ainda que na mesma bancada.
Sem um líder identificado, esta claque não legalizada prefere o anonimato para poder movimentar-se sem deixar rasto. Conhecida da polícia, tem, porém, em Hugo Caturna uma das suas figuras
Muito embora a polícia tenha conhecimento de muitos deles, até porque há vários com registo criminal, a verdade é que os No Name Boys - que em 2011 viram Luís Filipe Vieira e Rui Costa marcarem presença no jantar de aniversário da claque - preferem viver no anonimato, como o próprio nome indica, acabando por poder movimentar-se sem deixar rasto.
Com um histórico já de "apertões" e insultos à equipa do Benfica, assim como de incidentes com outras claques e da suspeita do envolvimento em diversos crimes, os No Name Boys têm estado frequentemente na mira da Justiça. Hugo Caturna, uma das principais figuras nesta altura da claque, tem sido visado frequentemente pelo Ministério Público, tendo sido condenado já várias vezes, com pena suspensa, na sequência de crimes como tráfico de droga, posse de armas brancas e de guerra e outros ilícitos.
Cronologia
- Maio de 1996: Na final da Taça de Portugal de 1996, Hugo Inácio, membro dos No Name Boys, dispara um very-light que atinge mortalmente o sportinguista Rui Mendes.
- Fevereiro de 2008: 38 membros do grupo foram detidos por ofensa à integridade física, associação criminosa e tráfico de droga. Alguns deles tinham em sua posse fotografias e identidades de elementos da Juventude Leonina.
- Junho de 2008: O autocarro que transportou a claque Super Dragões a um jogo de hóquei entre Benfica e FC Porto foi incendiando por um elemento do grupo.
- Julho de 2008: A PSP foi obrigada a escoltar Luís Filipe Vieira à saída do Pavilhão da Luz, após desacatos entre elementos da claque e adeptos durante uma AG.
- Novembro de 2010: Na sequência da goleada por 5-0 sofrida com o FC Porto, elementos da claque irromperam pelo Seixal para insultar jogadores e a PSP foi chamada a intervir.
- Novembro de 2015: Claque invade o centro de estágio do Seixal no dia seguinte a uma derrota com o Sporting. Não se registam agressões, mas sim uma conversa com o plantel.
- Abril de 2017: Luís Pina, membro dos No Name Boys, atropela mortalmente o italiano Marco Ficini, simpatizante sportinguista, nas imediações do Estádio da Luz.
- Janeiro de 2019: Membros da claque encarnada envolveram-se em confrontos com a polícia, na deslocação do Benfica a Ponta Delgada.
- Janeiro de 2020: Violência entre o grupo e os Red Boys, claque do Braga, provocou danos materiais numa pastelaria, em Maximinos.
- Maio de 2020: No espaço de dez dias, 17 e 27 de maio, elementos ligados aos No Name Boys agrediram adeptos do Sporting no Lumiar e no Estoril.