O JOGO desafiou os seis candidatos à presidência do Sporting a desfiar memórias que os definem como cidadãos e sportinguistas. Todos aceitaram falar na primeira pessoa. Conheça o lado mais intimista de Frederico Varandas, um dos homens que luta pela cadeira do poder em Alvalade.
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A minha paixão sempre foi o futebol, sempre joguei na rua, era louco por futebol. Lembro-me de ver o Euro 1984 na TV. Vejo futebol, Fórmula 1, NBA, campeonato de mundo de surf (pratico), adoro râguebi. Futebol de todas as ligas europeias.
Sou dos que gostavam de ser pago para ver todo o desporto, os canais todos de desporto. Até tenho problemas com a minha namorada, porque eu sou capaz de passar um dia inteiro a ver desporto. Tenho um vício. A minha mãe diz-me que se não trabalhasse, ficava em casa o dia todo. Lutas, Volta a França. Tudo.
Sabe quem tem mais cultura de futebol? Eu e o Paulinho. Nem o Jorge Jesus ou o Octávio Machado sabiam tanto. Sei a equipa da Alemanha do Mundial 90. Do Sporting, lembro-me da equipa dos 7-1, sei-a toda. E a da meia-final da Taça UEFA com Marinho Peres. Nos estágios, a equipa técnica e jogadores faziam concursos entre mim e o Paulinho.
Desde o meu 7.º ano, no Filipa de Lencastre, tinha 12 anos, começamos um jogo Sporting-Benfica na rua. Durou décadas, só não valia arrancar olhos. Éramos todos amigos e até tenho vergonha, mas andávamos todos à pancada. Jogámos até depois dos 30. Passámos a jogar em campos de futebol de sete, no Padre António Vieira, na TAP, em todo o lado. Já era diretor clínico do Vitória quando parámos. Resultado final? Não houve, porque era muito complicado e acabava sempre mal. Por causa do futebol, tenho um problema num joelho que me impede de jogar.
Para as finais do Jamor era muito difícil arranjar bilhetes. Para ir à que ganhámos ao Marítimo com golos do Iordanov e à do very-light com o Benfica, dormi a noite inteira no passeio do antigo Alvalade.
O lema do primeiro ano da Academia Militar: aprender a obedecer para um dia mandar. É muito duro. Tinha o cabelo curto, mas disseram que ia ser aparado. O senhor que me cortou, perguntou: "Então, como é que quer?" "Se pudesse aparar só um bocadinho em cima..." Máquina zero. "Era assim que queria?", gozou-me. Eu sou muito obcecado, porque tentavam tudo para eu desistir. E eu ficava ainda mais obcecado. Hoje, percebo que tiro muito do que aprendi na Academia. Organização, cadeia de comando.