Nélson Semedo ainda finta as notícias que dão conta do interesse de colossos europeus em si e garante que só está fixado nos encarnados. Entrevista em exclusivo a O JOGO.
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Manchester City ou United, Barcelona, Bayern, PSG ou Inter, todos eles colossos do futebol europeu, todos eles com Nélson Semedo em ponto de mira, um jogador protegido na Luz por uma cláusula de rescisão cifrada em 60 milhões de euros. O assédio é arrebatador, mas o lateral-direito mantém-se tranquilo e, como sublinha, "apenas focado no Benfica", embora considere que "se alguma coisa acontecer será natural".
Ser bombardeado com notícias sobre o interesse de Barcelona, PSG, Bayern, Manchester United, Manchester City ou Inter exige um grande autocontrolo para não cair em deslumbramentos?
-Eu tento ao máximo passar ao lado dessas notícias. Estou totalmente focado no Benfica e acho que não devo pensar em outros clubes porque me sinto muito bem aqui, gosto muito de cá estar, gosto muito dos colegas e da estrutura.
Nada disso mexe com a sua cabeça?
-Não, nada.
Esse tem sido um percurso seguido nos últimos anos por vários jogadores jovens do Benfica, que se destacam e saltam depois para grandes clubes europeus. Não pensa seguir esse caminho que outros já percorreram?
-Se alguma coisa acontecer, será natural, desde que seja bom para mim e para o Benfica, mas neste momento estou focado no clube.
Essas grandes transferências são fruto do trabalho individual, mas também coletivo. Diz que está focado no Benfica, mas ao fim de dois anos, com grande consistência nesta época, sente que já tem asas para voar rumo a outros campeonatos?
-Quem joga no Benfica tem hipótese de jogar em qualquer campeonato, porque temos um plantel de grande qualidade. Acredito que qualquer jogador do nosso plantel conseguirá jogar facilmente noutro clube e adaptar-se a outra liga teoricamente melhor.
Quando é que se convenceu que era como lateral-direito que ia fazer carreira e chegar onde ambicionava como futebolista sénior?
-Na equipa B, o míster Hélder [Cristóvão] convidou-me para ser defesa-direito, porque na altura só tínhamos um lateral e tínhamos médios de grande qualidade. A equipa precisava de um lateral. Como o míster viu que eu tinha características de lateral, convidou-me a ficar na equipa nesse lugar. Aceitei. Eu era médio na altura. No início não achei muito boa ideia, estava habituado a outra posição, mas foi o melhor que me aconteceu. Agradeço imenso ao míster por me ter encaminhado para aquele lugar e por me ter passado conhecimentos e me ter ajudado a evoluir, ele que também foi defesa. Se hoje sou como sou, também tenho de lhe agradecer. A partir dali, comecei a mentalizar-me que ia ser lateral-direito. As coisas correram-me muito bem, consegui adaptar-me muito rapidamente à posição. Passados alguns meses, não tive a mais pequena dúvida: era nesta posição que eu queria jogar.
Acha que já tem todas as características para ser um lateral-direito de classe mundial?
-Não, ainda tenho de aprender muito, tenho muito que evoluir. Com o passar dos anos, vamos aprendendo e ficando mais fortes. Nunca é de mais aprender e ambicionar sermos melhores.
Nesse processo de transformação, em que aspetos tem incidido mais o trabalho? Físico, tático, técnico...
-O mais difícil foi o trabalho tático, de fechar linhas, porque não estava habituado a essa rotina e esse foi o mais complicado de meter na minha cabeça. Já a parte física foi mais fácil de ser trabalhada.
Já tinha capacidade física para fazer o trabalho de um lateral, com o vaivém de área a área que se lhe vê no Benfica?
-Sempre gostei de correr e tenho alguma facilidade nessa parte, mas também aí evoluí imenso, com o trabalho que temos feito nos treinos, que me ajudaram a desenvolver essa característica.