"Nas Antas, começaram a atirar-me moedas de 50 escudos, bem grandes. Ainda apanhei algumas"
O MEU CLÁSSICO - Com César Brito, ex-avançado do Benfica que bisou num triunfo nas Antas, por 2-0
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"Até tivemos que sair do balneário"
"O clássico entre Benfica e FC Porto que mais me marcou jogou-se em 1991 e começou logo na chegada ao nosso balneário do Estádio das Antas. Estava lá um cheiro tão insuportável que tivemos que sair e equipar-nos lá fora. Foi uma situação que nos criou uma forte raiva e ao mesmo tempo uma motivação extra. "Temos que ganhar este jogo e vamos ganhar", foi o que pensámos e dissemos na altura. Criou-se uma forte vontade de ganhar pelo que nos estavam a fazer antes deste jogo que valia o título de campeão nacional. Faltavam poucas jornadas para o fim e quem ganhasse era praticamente campeão. Foi um jogo dividido. Na frente jogou o Rui Águas e fez um grande jogo, mas no banco estava eu, o Isaías e o Magnusson. Ao intervalo, 0-0 era o resultado e eu comecei a aquecer na segunda parte. Foi então que, das bancadas, começaram a atirar-me moedas para cima, daquelas de 50 escudos, bem grandes. E ainda apanhei algumas (risos). A aposta do Eriksson foi em mim porque eu era um jogador rápido e, como o FC Porto estava muito lá para a frente, ele optou pela minha velocidade. As coisas correram lindamente. Entrei e em dez minutos fiz dois golos. No primeiro, em contra-ataque, foi um cruzamento bem medido do Vítor Paneira, pela direita. Eu antecipo-me aos centrais do FC Porto e marco de cabeça. No segundo, o Valdo mete a bola em profundidade, eu ganho em velocidade e à saída do Vítor Baía meti-lhe a bola por cima. Foi o jogo da minha vida, sem dúvida. Ainda hoje muita gente se lembra desse jogo."