Miguel Pereira fez no domingo, em Canelas, na goleada por 8-0, o primeiro "hat trick" como sénior
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Miguel Pereira conseguiu, no último domingo, o primeiro "hat trick" do percurso profissional, contribuindo para a goleada do Felgueiras, em Canelas, por 8-0. Influenciado pelo pai, que também foi jogador, começou a jogar com cinco anos no Clube Caça e Pesca do Alto Douro, do Peso da Régua, cidade de onde é natural. Quando começou "a dar nas vistas", saiu do Fontelas, nos iniciados, para o Braga, onde fez grande parte da formação, que passou igualmente pelo Espinho, um dos cinco clubes que representou como sénior.
O avançado de 24 anos resume o seu percurso e revela, por exemplo, a natural ambição de jogar na I Liga. "Tenho a certeza de que vou lá chegar", assume o jogador, natural do Peso da Régua.
Como é que foi a experiência na formação do Braga?
-Muito boa. Saí de casa muito cedo, com 14 anos, obrigado a crescer um bocado à pressa, mas tive a oportunidade de fazer a formação num clube grande, com boas condições e bons treinadores.
Depois do Braga, andou sempre por escalões secundários. A Liga 3 é uma boa montra?
-Desde que sou sénior, já é o meu sexto ano no terceiro escalão, no Campeonato de Portugal e agora na Liga 3. São campeonatos muito competitivos; tive uma experiência na II Liga [Oliveirense, na época passada] e as diferenças não são muito acentuadas entre os campeonatos. A maior parte dos jogadores da Liga 3 têm qualidade para jogar na I ou na II Liga.
Que ambições alimenta para a carreira?
-A minha ambição é chegar à I Liga e tenho a certeza de que vou concretizar o sonho que persigo desde que comecei a jogar futebol. Nesta altura, o meu objetivo é contribuir para a subida do Felgueiras à II Liga.
Acredita que tem qualidade para atingir essa meta?
-Sim, claro. Já joguei contra equipas de I Liga e da II Liga e as diferenças não são muitas. Por isso, acho que tenho mais do que capacidade, e vou trabalhar muito para que seja uma realidade. O mais difícil é lá chegar. Estando no meio dos melhores, também evoluímos, e torna-se mais fácil.
"Gosto muito do Taremi. Pelos golos que marca e por dar muito à equipa. As pessoas, por vezes, olham para um avançado como um jogador que tem de marcar muitos golos, e tem, mas um avançado não é só para fazer golos"
Que jogadores tem como referência?
-Os jogadores que mais aprecio são o Haaland, pela força que tem, pela explosão, os golos que faz; é um jogador aprecio. E no nosso campeonato gosto muito do Taremi, não só pelos golos que marca, mas por dar muito à equipa. As pessoas, por vezes, olham para um avançado como um jogador que tem de marcar muitos golos, e tem, mas um avançado não é só para fazer golos. Na época passada, por exemplo, não vivia só dos golos. Era muito importante para a equipa, trabalhava muito, e tenho um pouco dessas características, porque, além dos golos, trabalho muito para a equipa.
"Procuro dar muito ao jogo e não dou um lance como perdido"
Como se define, então, como jogador?
-Seja na posição nove ou como extremo, sou um jogador que trabalha muito para a equipa. Sou muito forte no duelo físico, essa é uma das minhas qualidades, e sou explosivo. Procuro dar muito ao jogo e não dou um lance como perdido.
E o que precisa de melhorar ainda?
-Se calhar, a técnica individual. Não sou nenhum Neymar, nem nenhum Ronaldo, mas também não sou um tosco. Preciso ainda de melhorar o meu faro pelo golo. Tenho feito alguns, mas, com o tempo, vamos ganhando essa característica de estar no sítio certo e ser eficaz.
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Está de volta ao Felgueiras três épocas depois. Com que objetivos?
-Na minha primeira passagem, as pessoas sempre me ajudaram e mostraram que gostavam de mim. Tinha tido abordagens em épocas anteriores para voltar, mas não aconteceu, por uma ou outra razão. Agora, quando falámos, não pensei duas vezes. Gosto muito da cidade e das pessoas; é um clube que luta sempre pelos lugares cimeiros.
A grande meta é regressar à II Liga?
-Temos condições para fazer um excelente campeonato. Vamos passo a passo, porque esta Liga tem duas fases. Primeiro, vamos tentar ficar nos quatro primeiros para entrar no "campeonato" com oito equipas [duas séries] e lutar pela subida à II Liga. Os adeptos podem contar que vamos dar tudo em campo. O mais importante não é ficar em primeiro, é terminar esta fase nos quatro primeiros. Acredito que vamos conseguir e depois pensaremos no resto.
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"Nos próximos anos não haverá, se calhar, um resultado assim"
Miguel Pereira abriu o marcador da goleada em Canelas. Fez mais dois golos, Tamble Monteiro apontou quatro e Nuno Moreira assinou outro. "Aos 35 minutos, já estava 4-0. Cada vez que íamos à frente era com acerto e, depois do 4-0, houve uma expulsão, ainda na primeira parte, de um jogador do Canelas [Luan Sérgio] e outra no início da segunda parte [Vinícius]; com menos dois torna-se muito difícil", explica.
"Quiseram continuar a pressionar e jogar o jogo pelo jogo e, com mais espaço, fomos fazendo os golos", recorda. "Este resultado não reflete a competitividade que existe na Liga 3, ainda por cima num campo muito difícil como o do Canelas. Há dias que tudo corre bem, mas não há que tirar o mérito ao que fizemos, porque é muito difícil, e se calhar não haverá outro resultado assim nos próximos anos", remata.