Pedro Gonçalves, médio-ofensivo do Sporting e da Seleção portuguesa, foi convidado no programa "Alta Definição", da SIC, exibido este sábado
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Como foi saber que ia ser pai? "Foi incrível, celebrei, gritei, chorei. Foi a melhor surpresa de sempre."
O milagre? "É o nosso milagre. Tivemos uma fase muito complicada, tivemos duas perdas gestacionais. É isso que ainda dói mais. É muito doloroso. Chegou a haver um momento em que acabei por não fazer estágio, tinha jogo da Taça de Portugal, pedi ao míster Ruben, foi compreensivo ao máximo. No dia a seguir ele perguntou se eu queria jogar, disse que sim, marquei dois golos ao Tondela na primeira parte, pedi para sair ao intervalo, fui logo ter com ela ao intervalo. Tentei sempre ajudar ao máximo e mostrar que ela era uma mulher incrível."
Dizer as melhores palavras é mais difícil do que marcar aquele golo ao Arsenal? "É muito mais difícil."
Como seria sem o futebol? "Tinha de ser algo ligado ao desporto, mas não me imagino sem o futebol."
Que lições deu o futebol? "Ensinou-me a saber ganhar, não é por ganhar que tenho de ser mais do que os outros. Ensinou-me a ajudar, a ter fair-play. Talvez seja pica-miolos, mas nunca perdi o fair-play, se um jogador estiver no chão e a sentir-se mal sou o primeiro a querer ajudar. E a ter ligações e amizades genuínas e em quem podemos confiar."
Sente que já tem autoridade no balneário? "Sinto que sim, mas na minha cabeça não cabe isso, cabe sempre o miúdo resmungão, divertido. Tive agora cinco meses lesionado e no primeiro treino fui logo o primeiro nas filas do aquecimento. E era um silêncio… O treinador-adjunto veio ao pé de mim e disse: ‘Nunca pensei que fosse assim. Eles olham para ti como se fosses alguém mesmo importante. Andavam aqui na brincadeira, demoravam a aquecer…’ Não me sinto assim tão importante no grupo para dizerem isso, mas fico contente por olharem para mim e saberem que está aqui alguém que não nasceu um líder mas que se está a tornar um líder."
Diz sempre o que pensa? "Quando estou mais quente e nervoso ou algo de que não gosto, digo, mas num ambiente mais calmo muitas vezes não digo, mesmo que pense ser errado. Talvez lance umas palavras em brincadeira, mas que sejam verdade."
Como um treinador o motiva? Picar ou proteger? "Comigo é claramente proteger-me. Sinto que preciso de carinho, não gosto que me estejam a picar. ‘Tens de marcar mais golos’. Gosto daquelas pessoas mais calmas, que me dêm um abraço, que me levem ao colo, que sejam mais tranquilas comigo."
Na festa do título vê-se a confiança entre treinador e jogadores? "É algo natural, não cresceu de forma forçada. Sinto que tenho boa ligação com o míster, gosto de ter algumas conversas, mas são seis meses. Não é completamente à vontade. Estamos a crescer, temos mais tempo e vamos criar uma amizade mais forte."
Ao Rúben dizia umas coisas… "Dizia umas brincadeiras, talvez seja por isso que gosta tanto de mim e eu dele. Somos muito parecidos. Adoro-o, como pessoa e treinador."
Algum conselho? "Fica um conselho desde início, não deixar o tempo passar, temos de aproveitar todos os momentos, tentar todos os jogos, em casa, seja um minuto, um segundo, 24 horas, tentar fazer aquilo que queremos."