O JOGO foi a "Espanha e Inglaterra" tentar perceber as razões dos falhanços no Barcelona e no Wolverhampton.
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Eram altas as expectativas que o Barcelona depositava em Trincão quando o comprou ao Braga, em 2020, mas este não conseguiu corresponder ao esperado
. O mesmo aconteceu na época seguinte, no Wolverhampton. Quais as principais razões para os dois falhanços? Culpa própria ou vítima das circunstâncias?
Foi a troco de 31 milhões de euros que Trincão chegou aos catalães, só que em Espanha demorou a adaptar-se e, quando começava corresponder, Ronald Koeman não manteve a aposta. "Não houve paciência para este jogador, que tem talento. E há a questão do valor. Custou mais de 30 milhões e as pessoas pretendem resultados imediatos, mas por vezes é preciso ter paciência", disse a O JOGO o jornalista Moises Llorens, da "ESPN".
Já para Didac Peyret, do "Sport", o português não merece tanta compreensão. "Entra muito pelos olhos adentro, mas não é definitivo em nada. Não é excelente em nada. Não é sólido no um contra um e também não o é no remate. É um produto inacabado", disse. Por outro lado, a maneira de ser de Trincão também não é convincente: "Outro aspeto é a personalidade. É um jogador com dificuldade em reagir perante a adversidade."
E foi neste contexto que, em julho de 2021, o Barcelona o emprestou ao Wolverhampton, com uma cláusula de opção de compra de 30 milhões no fim da época. Que não viria a ser acionada. Segundo Steve Plant, autor de dois livros sobre o clube inglês, um dos problemas foi a falta de rapidez na decisão. "Na Premier, um jogador não tem tempo para ter a bola e, se não a soltar rapidamente, acaba sem ela. Para esta liga, ele não é suficientemente forte nem rápido", afirma a O JOGO, explicando ainda que o extremo precisa de crescer noutra vertente do jogo: "Num clube como este esperamos que os médios e os avançados recuperem rápido e ajudem atrás. É preciso trabalho constante", disse, apontando o nome de João Moutinho como um exemplo a seguir por Trincão: "Na Premier, um jogador tem apenas um fração de segundo. Quando recebe a bola, é preciso experiência para ter o timing certo da jogada. Moutinho é um exemplo clássico, porque é perito nisso. É preciso saber como se desviar logo dos adversários para ganhar algum tempo. Como o Trincão tem tanta confiança com a bola nos pés, tem a tentação de ter a bola mais tempo do que devia e acaba por perder a bola." Plant acredita, porém, que o avançado tem tudo para crescer: "Agora, onde jogar a seguir, vai ter muito mais tempo em cada jogada do que estava habituado, o que pode ser bom para ele."