Vasco Fernandes, secretário técnico do Sporting, recorda o que foi dito no balneário da Academia aquando da invasão de 15 de maio de 2018.
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Vasco Fernandes, secretário técnico do Sporting, recordou esta terça-feira, no Tribunal de Monsanto, as palavras que foram proferidas no balneário da Academia de Alcochete aquando da invasão às instalações leoninas, a 15 de maio de 2018.
"Eram muitos... Não paravam de entrar. Naquele momento, sei lá, uns 15 ou 20 a entrarem na Academia. Ficámos à espera da GNR. Chegámos a uma estrada e o Ricardo Gonçalves disse para ligar ao secretário técnico assistente, o João Rolim, para ir para o campo porque achava que os jogadores já lá estavam. O Ricardo foi em direção aos adeptos e eu a dizer ao Rolim: 'vai para os campos que eles vão em direção a eles'. Houve momentos em que fiquei petrificado. Lembrei-me ir para a ala profissional, sei lá, para fechar a porta para fechar ao balneário. Não recebi ordens. Foi o meu instinto", começou por contar Vasco Fernandes, prosseguindo:
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"Dirigi-me para o balneário e fui para a casa das botas, na altura a entrada mais direta para o exterior. Essa porta, confirmei, estava fechada, pelo João Reis. Nesse momento deparo-me com os adeptos naquela zona. Quando estou a confirmar se está fechada a porta está um adepto aos encontrões, aos pontapés. Estavam com um sentimento de fúria, raiva. Os jogadores ouviram os barulhos e apareceram atrás de mim. Disse-lhes para saírem dali porque estavam a acicatar ainda mais os ânimos. Um deles era o Battaglia. Entretanto vou para o balneário. Estava lá a maior parte dos jogadores, pessoas assustadas no corredor. Nesse momento lembrei-me: o balneário tem duas portas metálicas e lembrei-me de as fechar. Pedi as chaves ao João Reis, ele mandou me as chaves, mas as portas estavam empenadas. Recebi um estímulo do Petrovic que me diz: 'não fechas as portas, eles que venham'. O outro foi Raul José: 'não feches que o homem está lá fora e vão matá-lo. O Jorge Jesus'", acrescentou o secretário técnico do Sporting, que se lembra de ver Ricardo Gonçalves, então chefe da segurança da Academia, "com cinco ou seis adeptos pendurados" e revela não ter fechado a porta do balneário, onde entraram "20 ou 30 adeptos".
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Ainda esta terça-feira, recorde-se, Bruno Fernandes e Ristovski serão ouvidos através de videoconferência, à semelhança do que foi feito com Maximiano, Wendel e Mathieu, na segunda-feira.