Treinador não evitou a descida e volta a deixar reparos ao futebol português e às dívidas dos clubes.
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Agora de partida para Alvalade, Augusto Inácio deixa o Moreirense sem conseguir garantir a permanência, depois da derrota no Estádio da Luz. "Não era com este desfecho que queria. Tentámos fazer o jogo ela por ela com o Benfica. Foi um jogo agradável, com alguma qualidade técnica. Chegámos ao intervalo a vencer (1-0) e ficámos confiantes. Sabíamos que os primeiros 20 minutos da segunda parte iriam ser cruciais. O Benfica recuperou, tentámos fazer mais um golo. Pena não ter mais quatro ou cinco jogos", declarou.
"A equipa joga, desde que cheguei, com a pressão de jogar para ganhar pontos. Isso é muito desgastante. Hoje (domingo) fomos à luta, com coragem e com personalidade. Na nossa dignidade, honrámos o Moreirense. É com muita tristeza que descemos de divisão. O que é certo é que em 14 jogos fizemos 16 pontos. O Moreirense é claramente um clube da I Liga. Há muitos clubes com salários em atraso, clubes que chegam a acordo com jogadores mesmo devendo salários. Acaba por descer uma equipa que não deve nada a ninguém. O Moreirense paga o que pode pagar, mas paga tudo. Para credibilizarmos mais o futebol português, em termos de rigor, isto não pode continuar. Por isso é que digo que a porcaria continua lá, só mudaram as moscas. Não estou a dizer isto porque o Moreirense desceu de divisão", acrescentou, deixando ainda mais reparos ao futebol português.
"Portugal tem um bom campeonato, mas em termos de seriedade deixa muito a desejar. Não sei como se pode resolver este problema. Mas tem de haver mecanismos para impedir. As pessoas da Liga, que são profissionais da Liga, que ganham o seu salário na Liga, é que têm de procurar uma solução. Não sei, terem uma conta bancária que prove que têm o dinheiro. Há clubes que há 10 meses não pagam a cota na Liga. Alguém tem de falar. Se não for eu tem de ser outro. Esse papel, que se assina, é uma mentira. Há clubes que não pagaram este ano, que não pagaram o ano passado, e andam sempre nisto. Espero que estas palavras tenham eco", desejou Inácio.