Nanu fala da saída do FC Porto e dá um conselho: "João Mário não pode facilitar"

Determinado em voltar a mostrar o valor que lhe reconheciam no Marítimo, Nanu afirma que custou um pouco ficar de fora no FC Porto e que o excesso de laterais-direitos não ajudou. Contudo, sente que cresceu defensivamente e acredita que a equipa técnica de Sérgio Conceição terá impacto semelhante no desenvolvimento de João Mário.

Saiu do FC Porto apenas por empréstimo. Que plano tem para o futuro?
-Neste momento, é jogar ao máximo para evoluir. Queremos sempre o melhor para a nossa carreira e estou a trabalhar para isso. Se surgir algo de bom, estou preparado para o desafio. Mas o meu foco é tentar voltar ao que fui antes e mostrar o valor que as pessoas me reconhecem, porque tenho condições para isso.

Em janeiro a equipa teve falta de laterais-direitos. A saída para o FC Dallas não podia ter sido adiada?
-Sou daquelas pessoas que acreditam que, se aconteceu daquela maneira, é porque tinha de acontecer. Claro, se estivesse no FC Porto poderia ter sido uma boa oportunidade. Mas gosto de ganhar o lugar por mérito e não porque outro se lesionou. No Marítimo também existiam grandes laterais e sempre trabalhei para aproveitar a oportunidade. Psicologicamente não ajudou saber que tínhamos muitos laterais-direitos. Por vezes sentia-me mal porque um ficava de fora e isso. Mas também aprendi que na vida temos de olhar mais para nós e não tanto para os outros, porque cada um faz o seu trabalho e depois quem decide é o treinador. Custa ficar de fora, mas temos de aceitar.

A adaptação de João Mário ainda aumentou a concorrência. Como olha para o seu desenvolvimento?
-É um jogador que tem uma margem de progressão muito boa. Uma pessoa muito humilde, sempre bem disposta. Tinha uma ótima relação com ele e fico feliz por ele. É um jogador novo, quer jogar e mostrar-se. O conselho que lhe dou é que nunca facilite, porque no futebol basta facilitar um bocadinho para perdermos as próximas oportunidades. Mas, acima de tudo, que continue a mostrar o seu futebol, porque é um jogador fantástico, tecnicamente desequilibra muito e que vá evoluindo sempre. Com esta equipa técnica, não tenho dúvidas nenhumas de que vai acontecer, porque também evoluí bastante, principalmente a nível defensivo. Se calhar não consegui explorar o ofensivo, que era o meu ponto forte, porque no Marítimo consegui ser o segundo jogador com mais dribles completos. Infelizmente não implementei isso no FC Porto, mas pronto. A confiança talvez não fosse a mesma. A vida é assim e estamos sempre a aprender.

"Após o Jamor não era igual"

Da alegria por ter feito o cruzamento para Taremi marcar ao Chelsea ao choque com Kriticiuk que o deixou inanimado, os jogos que Nanu realizou pelo FC Porto foram uma montanha-russa de emoções. Ainda hoje não sabe como o lance com o guarda-redes russo não foi penálti.

Qual foi o melhor momento que viveu no FC Porto? A assistência para Taremi contra o Chelsea?
-Foi um jogo que me marcou muito, sem sombra de dúvidas. Entrei com o objetivo de ajudar a equipa e acho que o consegui. Não só pela forma como entrei, mas também pelo cruzamento que fiz para o golo. Infelizmente, não conseguimos a passagem, mas ganhámos o jogo e ficámos muito perto de empatar a eliminatória.

E por pouco esse golo não ganhou o Prémio Puskas...
-Fiquei um pouco triste, porque acho que era mais do que merecido. Não o digo por ter feito o cruzamento. Acho que foi o melhor.

Quando é que teve coragem para ver o lance com o Belenenses em que desmaiou?
-Enviaram o vídeo a uma pessoa que estava comigo e mostraram-mo ainda no hospital. Foi um momento muito difícil. Acho que o mais difícil que já tive. Além de ter desmaiado, fiquei um pouco mal do ombro. A partir daí, a minha reação já não era a mesma. O Kritciuk chegou a falar comigo, mas aquilo era penálti. Se aquilo não era penálti...