"Morte do Jorge Costa? É muito difícil falar sobre isso, vês como fico arrepiado"
Declarações de Borja Sainz em entrevista à revista Dragões
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Era importante deixar a marca desde o início? "Sim, é bom começar bem em todos os jogos, não só nos clássicos. É o que queremos fazer nos encontros que se avizinham."
Melhor só se aquele golo ao Nacional tivesse sido validado, não? "Claro que era bom ter marcado, mas nunca se sabe o que aconteceria. Foi fora de jogo e não tenho que me lamentar, porque o jogo é muito longo e o importante foi a equipa ter ganho, até porque era um jogo bastante difícil. São coisas que ficam na cabeça, mas não fico a matutar, porque senão não avanço. O mais importante foi a vitória da equipa e o foco foi logo para o jogo seguinte."
Já fala como um portista de longa data. Como é possível se apenas está cá há meses? "Quando cheguei, toda a gente me ajudou muito, a equipa toda. Somos uma família que está lá quando alguém precisa, esteja bem ou mal, e acho que isso é o mais importante, porque no dia a dia os colegas são quem te rodeia. Digo muito isso aos meus pais, digo-lhes que me sinto em casa, porque, na verdade, tenho muitos espanhóis aqui também, mas não se trata disso. Estou muito feliz, não só porque estamos a ganhar e a treinar bem diariamente, mas pela família que somos. Ajudaram-me desde o primeiro dia, tenho tudo aqui, esses pequenos detalhes fazem a diferença. Estou realmente muito feliz."
Haver espanhóis no plantel ajudou, com certeza? "Sim, claro, dou-me muito bem com eles, mas não há um jogador com quem não fale. É assim com todos. Vejo um colega que não percebe tanto de inglês a falar abertamente com outro que não entende tão bem espanhol e fazem um esforço para que nos possamos dar todos e assim sermos uma família."
A união é essencial para corresponder à exigência do míster? "Estamos a trabalhar muito bem, o míster sabe o que quer de nós e como nos orientar, estamos bastante cientes disso e, além disso, somos uma família, não há como explicá-lo de outra forma."
Como é o míster nos treinos diariamente? "É muito exigente como todos podem ver, gosta de trabalhar, tem a sua equipa técnica muito bem trabalhada, transmite-nos as ideias de forma muito clara e toda a gente está muito feliz com ele."
O que mais aprendeu com ele até agora? "Aprendi muitas coisas. Já me tinham dito que era muito bom e que gostava de trabalhar muito, mas desde o primeiro dia, quando falei com ele, senti essa confiança. Aprendo todos os dias e ainda quero aprender muito mais."
Mais no aspeto tático ou pessoal? "Ambos. Em termos pessoais, é possível ver qué a equipa tem sempre uma boa atitude e, no aspeto tático, também se nota que temos um plantel bem coordenado."
O treinador destacou recentemente o seu compromisso defensivo. É algo natural ou muito trabalhado? "O míster gosta que trabalhemos muito defensivamente, não só eu, mas toda a equipa. Quando era pequeno, e mesmo quando me estreei como sénior, tinha dificuldades nesse aspeto, custava-me bastante, mas pouco a pouco fui trabalhando e agora não me custa."
É algo que os adeptos também valorizam muito. Apercebe-se disso em campo? "Sim, acabo por notar quando estou em campo. Faço-o também porque sei que é algo que vai ser uma ajuda para a minha carreira, então vou continuar assim."
A intensidade da equipa tem sido tremenda na pressão ou no desbloqueio do ataque, é um ponto inegociável no Olival? "Sim. E importante que se note nos jogos, mas onde tudo começa é nos treinos e é aí que nos estamos a sair bastante bem."
Houve uma grande remodelação do plantel, chegaram muitas caras novas, mas realmente é notória a união entre todos. Que ambiente se vive no Olival? "Todos os que têm visto os jogos notam que a equipa está unida e queremos continuar assim diariamente porque dessa forma vamos alcançar grandes feitos."
Foi essa amizade que vimos, por exemplo, no festejo do golo do Samu contra o Nacional, como é a vossa ligação? "Dou-me muito bem com o Samu, estou todos os dias com ele e considero-o, além de um grande colega de equipa, um grande amigo."
Está cá há pouco tempo, mas já passou por um momento muito doloroso, a morte de Jorge Costa. Como processou esse momento? "É muito difícil falar sobre isso e vês como fico arrepiado. Não o conhecia muito bem, mas ele sempre foi espetacular comigo desde o primeiro dia. Tratou muito bem a minha família, todos os que vieram para a minha apresentação, e o dia da morte do Jorge foi muito triste. Tudo o que estamos a fazer é por ele, porque ele merece. Era um portista muito acarinhado aqui. Desejo à família muita coragem e espero que este ano ganhemos um título por ele."
No dia a dia, ele transmitia-lhe muitas coisas sobre o clube? "Sim. Sempre que falava comigo, dizia-me que este é um grande clube e dava para ver nos olhos dele que amava o clube. Foi um momento muito difícil, não só por mim, porque eu até o conhecia há pouco tempo, mas por todos os que trabalhavam com ele há muito tempo."
Como transformaram essa dor em garra e vontade de vencer? "Unimo-nos ainda mais por ele e acho que esta garra que estamos a demonstrar só existe porque o temos connosco no balneário. É mais um a entrar connosco em campo."
Em casa ou fora, não vos tem faltado apoio. O quão importante é isso neste novo capítulo? "Na minha estreia, vi logo o estádio cheio, está sempre assim todos os fins de semana, seja em casa ou fora. Acho que isso é muito importante para a equipa, motiva-nos muito para retribuirmos esse carinho com vitórias e títulos."
Jogar fora é confortável neste momento por essa almofada criada pelos adeptos? "Sim, confortável, mas não há nada como jogar em casa."
O que podem eles esperar do Borja e da equipa para o que se avizinha? "Mais daquilo que têm visto. A dinâmica em que estamos é muito boa e acho que temos de nos manter assim, é o que queremos e vamos continuar a fazer."
Quais são as expectativas para cada uma das provas que vão disputar? "O mais importante é o dia a dia e pensar jogo a jogo. O foco está sempre no próximo jogo, o que vier depois disso logo se verá. Queremos manter o foco diário, porque é aí que trabalhamos."
Está especialmente ansioso para algum dos jogos europeus? "Quero voltar a Inglaterra, estou curioso para defrontar um adversário da liga inglesa com esta equipa e a representar este grande clube. Esse duelo com o Nottingham Forest é o que me desperta mais entusiasmo."
Arrancou a época com bons números e está num clube com exposição internacional. Pensa em jogar o Mundial do próximo verão? "Claro que gostaria de jogar o Mundial, é um sonho, mas para já estou focado em trabalhar diariamente, que é o mais importante. Se chegar esse momento, muito bem, mas se não chegar vou continuar a trabalhar para que um dia aconteça."
O foco está a 100% no FC Porto? "Sim, claro que sim. Quando fazes as coisas bem no teu clube, as pessoas veem. O mais importante é o dia a dia e vou continuar assim."