"Miura? Até o Duarte Duarte, de 35 anos, admite querer levar a carreira aos 56"
Fábio Pereira cumpriu 150 jogos como treinador a nível nacional e regozija-se por um feito em cinco anos de trajeto. Da subida da Oliveirense ao mediatismo trazido por Miura; Técnico sente-se muito feliz por poder ser fiel às suas ideias na Oliveirense, a um futebol positivo sem a constante ameaça de um despedimento. Madeirense coloca água na fervura quanto ao sonho da subida.
Corpo do artigo
O madeirense Fábio Pereira afirma-se no comando da Oliveirense, por quem alcançou, diante do Tondela, o 150.º jogo da carreira. Um percurso que honra o timoneiro, 44 anos, que tem sobrevivido ao que são as tempestades na vida dos treinadores. O trajeto em Oliveira de Azeméis, marcado por subida aos profissionais, e época tranquila na II Liga, atual 12.º lugar, tem-lhe dado força para se proclamar candidato à alta roda.
"São 150 jogos e um percurso de cinco temporadas, de quatro clubes. Nunca fui despedido. E isso não é frequente! Vejo um trajeto em crescendo, de pés assentes no chão e muita consciência de onde pretendo chegar. Os jogadores têm feito de mim melhor treinador", confessou Fábio, técnico principal no Gafanha, União da Madeira, Oleiros e Oliveirense e com uma época como adjunto do Braga B, em 2013/14.
"Na Oliveirense são já 64 jogos, uma subida após período muito difícil do clube. Tem sido o maior desafio da carreira, um projeto aliciante mas para o qual juntei a bagagem de outros clubes", ilustrou, nada abalado pelo peso mediático adquirido pela Oliveirense ao contratar a lenda nipónica Kazu Miura.
"Tem sido interessante, há uma política de gestão diferente do que estamos habituados da parte destes investidores. Temos de estar preparados e não tem sido nada difícil de gerir, porque há um projeto sólido e muito bem defendido", atestou, particularizando a mira na celebridade que abriu Oliveira de Azeméis aos noticiários mundiais.
"O mediatismo do Miura não passou disso, integrou-se normalmente no balneário e tem sido fantástico pela sua humildade, aglutinador, fazendo todos quererem aprender com ele. Até o Duarte Duarte, de 35 anos, admite querer levar a carreira aos 56 anos. O Miura aproximou-nos da cultura japonesa e tem ajudado na gestão de expectativas", explica, desconstruindo os horizontes de subida a que é apontada a Oliveirense a breve prazo: "Falar da subida é algo que tem de ser mais consolidado, há surpresas que acontecem, e nós, pelo nosso modelo, a forma de jogar para ganhar, sentimos que nos faltou um bocadinho de sorte, de competência mas também menos erros que nos prejudicaram em jogos importantes. Estávamos em 6.º, não seríamos candidatos mas podíamos estar muito melhor", notou Fábio, fazendo o seu top 3 de influências: "Carvalhal pela liderança de grupo, Jesus pelo jogo e Ivo Vieira pelo perfil, sendo um amigo madeirense."
Muitos defendem o emprego e travam "jogo espectacular"
Fábio Pereira não esconde a sua matriz: "O futebol é uma indústria de altos e baixos e devemos melhorar a cada dia. A evolução continua, mas devo saber tirar proveito de quando as coisas correm bem, não abdicando dos princípios que tenho, um futebol ofensivo que agrade a quem assiste. É a trabalhar assim que quero estar na Liga", garante o técnico, fazendo uma análise do investimento na qualidade e no ataque à II Liga: "Há muitas equipas que jogam para o resultado, que pensam nos pontos, mas isso resulta da instabilidade que se dá às equipas técnicas. Muitos procuram defender o posto de trabalho e com isso metem travão a um jogo espetacular."