Costinha, um dos protagonistas dos 4-1 à Lázio, recorda o que Mancini lhe disse anos depois sobre a noite mágica nas Antas.
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O FC Porto prepara-se para reencontrar a Lázio nas provas europeias, quase 18 anos depois da meia-final da Taça UEFA em que os italianos, recheados de estrelas, foram vergados por 4-1 na Invicta.
Um jogo molhado pela chuva e que até começou mal, com um golo de Claudio López, mas que terminou em glória. Para muitos foi o melhor jogo em que o antigo estádio das Antas foi palco e O JOGO convidou Costinha, antigo médio dos dragões a reviver as emoções, mas também a contar alguns episódios como um que envolveu Mancini, que era o treinador dessa Lázio, anos depois da goleada, e o médio Stankovic.
Que memórias tem do jogo nas Antas com a Lázio, em abril de 2003?
-Foi uma noite superespecial para todos, um grande jogo. O tempo até estava um pouco chuvoso, entrámos a perder e pensámos que a Lázio ia dificultar muito pelo estilo defensivo que as equipas italianas têm. Foi dos melhores jogos que realizámos nas Antas. Um jogo muito completo, com grande qualidade, golos e um resultado que poucos pensavam que acontecesse, tendo em conta a qualidade da equipa da Lázio na altura, mas a qualidade do FC Porto foi superior.
Onde esteve a riqueza tática desse jogo?
-A nossa mobilidade foi importante, não perdemos a bola com facilidade e administrámos bem quando a tivemos, retirando a possibilidade de a Lázio de sair em contra-ataque de forma letal. Tinha jogadores perigosos para isso e no meio jogadores com qualidade técnica para os servir. Recordo-me que quando sofremos o golo de falar com o "Bicho" e ele disse "agora vamos ter de ser ainda mais fortes porque eles só vão jogar no nosso erro para surpreender". Foi fundamental ter uma boa estrutura defensiva. No meio-campo trabalhámos muito bem para que os avançados deles não tivessem bola. Depois, muita concentração nas bolas paradas que são sempre complicadas por mais que as treines. Nós, com e sem bola estivemos perfeitos e o segredo foi a forma como administrámos a bola. Raramente a perdemos e quando iniciámos as jogadas ou terminaram com golo ou com remate à baliza. E quando isso não aconteceu, a Lázio não conseguiu sair e aí tenho de tirar o chapéu ao Derlei, ao Postiga e ao Alenitchev que fizeram uma pressão muito alta, permitindo que eu e o Maniche, um dos laterais e um dos centrais pudesse encontrar o espaço certo.
Foi uma semana de preparação normal de um jogo europeu? O que é que o Mourinho vos pediu?
-Recordo-me dele dizer que tínhamos capacidade para bater a Lázio, íamos jogar com uma equipa recheada de excelentes intérpretes e que se os deixássemos à vontade e o jogo correr de feição para eles teríamos dificuldades. Acima de tudo, preocupou-se mais com a sua equipa, deu-nos os automatismos para furar a equipa italiana. Disse para em caso de uma defesa muito densa não forçar o erro ou a jogada. Rolar a bola, não ter medo de executar. Recordo o primeiro golo em que fiz uma assistência para o Maniche depois de recuperar uma bola no meio-campo. Ele não teve medo de arriscar dali e faz um golo não muito depois do da Lázio, o que nos deu mais força. Dois dos golos que fizemos aconteceram porque a defesa da Lázio não conseguiu tirar e só a atenção e determinação do Derlei e do Postiga fez com que chegássemos a essa vantagem que viria a ser fundamental para chegar à final da Taça UEFA.
Esse foi, talvez, o "pior" jogo para não passar na televisão...
-[risos].A minha família, por causa da acumulação de adeptos que foram às Antas, entrou mais tarde e já estavam dois ou três golos. Tiveram pena de perder essa parte de um jogo fantástico, com momentos de grande entusiasmo. Não me recordo do Baía ter tido muitas situações de perigo para defender. Recordo-me, quando já estava a jogar em Itália, antes de um Atalanta-Inter, cruzei-me com o míster Mancini [então treinador do Inter], cumprimentei-o e ele virou-se para o Stankovic [estava na Lázio dos 4-1] e disse "lembras-te deste? Deram-nos um baile no Porto".