"Maximiano pode vir a marcar uma era em Portugal, com Diogo Costa e Diogo Sousa"
Luís Maximiano esperou pacientemente por oportunidades na equipa principal do Sporting. Consolidado o estatuto de titular, é dono de uma força mental que não o deixa tremer perante o seu primeiro jogo grande, diz quem o conhece
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Vencer o seu primeiro clássico contra o FC Porto está certamente no topo da lista de prendas desejadas por Luís Maximiano, que se estreia contra os dragões precisamente no dia em que cumpre 21 anos. O momento ocorre um ano e pouco mais de um mês mais tarde do que sucedeu com Rui Patrício (tinha 19 anos e 11 meses), a sua principal referência e do qual a crítica aponta como o herdeiro na baliza leonina.
Novo dono da baliza leonina celebra o 21.º aniversário no dia do jogo mais desafiante da sua curta carreira, contra o FC Porto
O trajeto de Max não foi tão brusco ou meteórico como o de Rui Patrício, mas o próprio ainda se belisca para confirmar que o momento que vive é verdadeiro: "Sinto que não é real fazer parte do plantel principal e da equipa. Às vezes fico a ver fotos e não parece verdade que está a acontecer. Controlo bem as minhas emoções. Antes do jogo, do primeiro, senti-me um pouco nervoso. Sabia que tinha valor, mas também tinha de mostrar. Entrei em campo e não pensei em mais nada, foco na bola e no jogo e em ajudar a equipa."
Rui Correia, velha glória da baliza dos leões, conhece Max desde que este tinha 12 anos. "Fiz a minha apreciação aos guarda-redes do Braga, quando lá cheguei para integrar a equipa técnica de Leonardo Jardim, e dos da formação destaquei e referenciei três com potencial para virem a ser de topo: Luís Maximiano, Tiago Sá e Rogério Santos", recorda a O JOGO o antigo guarda-redes, que ficou impressionado à primeira vista: "O talento existia dentro dele, já com essa idade tinha uma vontade enorme de trabalhar e aprender. Não é comum. Era superinteligente e sempre teve, depois, um comportamento exemplar na Academia do Sporting, onde chegou a integrar o Quadro de Honra. Fui dizer ao António Salvador [presidente do Braga] que ele seria top, propus que lhe dessem um contrato de formação, mas acabou por sair. Vi como se posicionava, a receção orientada e o passe, as blocagens, até a forma de cair para a idade era fora do normal. Já era acima da média".
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Luís Maximiano, chegou então ao emblema verde e branco em 2012/13, fez a pré-temporada com a equipa principal em 2016/17 e foi apresentado com o plantel em Alvalade. Mas com Rui Patrício, Beto e Azbe Jug a comporem o trio de guarda-redes, as oportunidades não passavam de uma miragem. Na temporada seguinte saiu Beto e entrou Salin, mas o cenário não mudou. Já 2018/19 começou com uma surpresa: foi para o banco na primeira jornada, com o Moreirense, aproveitando a lesão de Viviano ("substituto" de Rui Patrício) no aquecimento. Mas depois chegou Renan e voltou a ficar tapado.
A explosão de Max é recente, teve lugar já esta temporada e após duas aparições discretas com o Rio Ave e o Alverca, em derrotas que o podiam ter marcado pela negativa. À terceira, beneficiando de lesão inesperada de Renan, Max convenceu no 4-0 ao PSV. Inverteu a hierarquia da baliza, tirando ao brasileiro a titularidade na Liga. Em jogo de oportunidades para os menos utilizados, contra o LASK Linz, teve de entrar por expulsão de Renan e, apesar da derrota, consolidou o estatuto com defesas que evitaram uma vergonha ainda maior que o 3-0.
Rui Correia diz que Max é o futuro com Diogo Sousa e o portista Diogo Costa
Já vai em oito jogos e chega ao clássico no melhor momento de uma carreira que ainda vai nos primeiros passos, mas a força mental não o fará tremer, defende Rui Correia, que aprova - e elogia - a valentia da equipa técnica leonina em apostar de forma firme e regular no camisola 81: "Ao fazer aposta em guarda-redes tem de ser com convicção. Acho que esta aposta peca por tardia, ainda bem que agora tiveram a coragem de o lançar. Não se pode sacrificá-lo ao primeiro erro, Rui Patrício também os teve. Max encara o jogo de forma tranquila, tem boa leitura das jogadas, é arrojado, corajoso e destemido. Pode vir a marcar uma era no Sporting e para Portugal, ele, o Diogo Costa (FC Porto) e o Diogo Sousa (Sporting). É muito diferente de Rui Patrício, mas vejo-o a seguir os seus passos. Pode vir a ter ansiedade no clássico, é um jogo que mexe emocionalmente, e até pode tremer interiormente, mas não vai transparecer."