José Peseiro fala do efeito Bruno Fernandes e refere: "Não voltei a ver Varandas"
<strong>ENTREVISTA - </strong>Despedido quando estava a dois pontos da liderança, Peseiro recorda que os esforços acabaram por valer duas Taças e, sem se alongar muito, refere apenas que não voltou a cruzar-se com o presidente
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As conquistas que Keizer consumou atestam o valor do plantel, aponta o técnico. Mesmo que tenha sido construído "num turbilhão".
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Porque é que a crise nos resultados do Sporting se manifesta mais agora do que logo no pós-Alcochete?
- Eu apanhei o vulcão na maior erupção. A maior cratera em que o Sporting esteve, eu estava lá. Estive no pior momento da história do Sporting. Sei o que se passou. Sei o que fizemos. Sei das dificuldades e do esforço de todos. Quando saímos, estávamos a dois pontos do primeiro lugar e em todas as competições. Fizemos uma equipa num turbilhão, numa confusão. Não se sabia com quem se podia contar, quem rescindia, quem ficava...
Como foi esse processo?
- Não tínhamos um plantel fixo, muitos jovens da equipa B treinaram connosco. Num momento conturbadíssimo, com grande confusão, com uma Direção sem estar composta da forma convencional... Fizemos uma equipa com qualidade no meio do caos... Foi extraordinário. Estávamos a dois pontos do líder e já tínhamos defrontado Benfica e Braga.
"Apanhei o vulcão na maior erupção. Queria ter tentado ganhar o que não ganhei em 04/05"
Essa até foi a melhor fase depois dos problemas...
- Não vou falar sobre o que se seguiu, mas o que fizemos foi extraordinário. Só nós sabemos o que passámos para fazer um plantel que acabou por ganhar duas taças. Com mérito também dos que ficaram, a verdade é que fomos nós que fizemos o plantel. Ninguém imaginaria que podia ganhar... e ganhou. A perturbação externa influencia internamente e vice-versa. O Sporting tem um caminho a percorrer. Para um jogo pode dar, mas num campeonato não pode ser favorito. Na época passada ganhou duas Taças. Com alguma felicidade, mas ganhou. Tomara que o Sporting, este ano, ganhasse outra vez duas taças, mas uma já não pode.
Voltou a falar com Frederico Varandas?
- Nem falei, nem o encontrei. Mas o assunto é futebol, o jogo. Não vamos por aí.
Guarda alguma mágoa do Sporting?
- Gostaria de estar no Sporting, de ter terminado a época. Pensava que podia repetir a qualidade de jogo que tivemos em 2004/05 e queria ter tentado ganhar o que não ganhei na primeira passagem, campeonato e Liga Europa.
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"HÁ O EFEITO FERNANDES..."
Se há quem pode resolver no Sporting é Bruno Fernandes. São os números que o dizem. Peseiro concorda.
O Vítor Oliveira disse, recentemente, o mesmo que o José Peseiro sobre a qualidade do plantel do Sporting. Até então parecia assunto tabu...
- Isso teve impacto porque foi um treinador a fazê-lo, mas eu acho que todos os sportinguistas têm noção... Não é surpresa. Quanto mais os sportinguistas tiverem noção, melhor para criar um ambiente mais favorável. Mas isso não invalida que o Sporting possa ganhar. Até porque há o efeito Fernandes...
Efeito Fernandes?
- É real o impacto de Bruno Fernandes. Em quantos jogos ele não foi decisivo no ano passado? E este ano? E em quantos não poderá vir a ser? O plantel é pior, mas em futebol isso não invalida que a equipa assuma o jogo para vencer, ainda por cima com a mais-valia Bruno Fernandes.
"Bruno tem sido o mais determinante da Liga nos últimos três anos"
Partilha da ideia dos leitores de O JOGO, que o escolheram como melhor jogador do campeonato?
- É o mais decisivo. Mesmo com estes problemas todos no Sporting, tem mostrado que é o melhor jogador. Eu já votei nele antes de ter trabalhado com ele. É só olhar para o rendimento dele, para a capacidade que tem para fazer golos, assistências. É um jogador vertical, quer no passe, quer no remate. Pisa zonas de finalização e está sempre muito próximo dos golos. Tem capacidade de ligar os movimentos dos avançados. Nos últimos três anos tem sido o mais determinante da Liga.