Matheus Nunes, médio do Sporting, falou ao podcast "ADN de Leão", recordando os momentos difíceis da infância e relembrando o título conquistado em 2020/21
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Matheus Nunes é uma das armas do Sporting e concorre com Daniel Bragança e Bruno Tabata por um lugar de destaque no meio-campo do Sporting. Marcou ao Braga um dos golos decisivos para a conquista do título e afasta a ideia de que terá pensado muito na pressão que aquele jogo acarretava: "Meteram-me a bola e quase nem toquei na bola. Fui habituado a ter responsabilidade. Cresci sem pai. A minha mãe fez de mãe e pai. Sempre cresci com um certo tipo de responsabilidade, porque fiquei como figura masculina em casa quando o meu irmão mais velho saiu de casa", disse no podcast "ADN de Leão", pronto a agradecer ao padrasto que considera "pai" e ao padrinho que o ajudou em Portugal.
"Em 2018 não estava nem para aí quanto às aulas e a minha família disse que tinha de começar a trabalhar ou que então tinha de largar o futebol. Fui para a pastelaria do meu padrinho, levantava-me às 5h00 e acabava às 18h00 para ainda ir treinar depois. Hoje é diferente, tenho pessoas que procuram casa para mim, que me ajudam. Vim com 13 anos para Portugal e no Brasil fui nómada, mudei dez vezes de casa, cheguei a morar numa favela. Lembro-me de chegar com as solas dos pés todas negras de jogar à bola na rua. Houve alturas que não tive para comer. A minha mãe às vezes ainda se admira com o facto de não ter 'virado' ladrão ou traficante de droga. Tive as pessoas certas comigo", detalha o médio, que conta que após sair do Ericeirense mudou de posição: "Sempre me habituei a marcar golos, mas comecei a jogar mais atrás quando vim para o Estoril."