Mário Silva: o V. Guimarães, as saídas para Sporting e FC Porto e a herança de Carvalhal
ENTREVISTA, PARTE II - De volta a Portugal, após uma curta aventura no Almería, Mário Silva sonha alto com o Rio Ave, embora com os pés bem assentes no chão. A estreia será na Bósnia e o técnico confia na capacidade da equipa
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O legado de Carlos Carvalhal é encarado como uma honra por Mário Silva. A fasquia do Rio Ave subiu e o novo treinador está disposto a elevá-la um pouco mais, assumindo a responsabilidade de voltar a apurar a equipa para a Europa.
O que o levou a aceitar o desafio do Rio Ave?
-É fácil aceitar um projeto com a dimensão do Rio Ave. Oferece todas as condições para fazer um bom trabalho. Ao fim de cerca de três semanas de trabalho, estou feliz e ansioso pelo arranque da competição. Com a ajuda da equipa, quero dar alegrias aos adeptos do clube.
Esse convite surgiu após terem terminado as negociações com o V. Guimarães ou já estava de pé há algum tempo?
-Falou-se do V. Guimarães, mas foi o Rio Ave a avançar com uma proposta e aceitei logo. Conversei somente com o Rio Ave e estou aqui com muito orgulho, alegria e determinação.
A possibilidade de dirigir uma equipa numa competição europeia também pesou na decisão tomada?
-O Rio Ave sempre foi um clube-referência para mim e eu até já estava familiarizado com as instalações, porque tenho aqui um dos meus filhos. Cresceu muito nos últimos anos. Tudo isso dá estabilidade, mas também sei como funciona o futebol: os treinadores são julgados pelos resultados.
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A herança pesada de Carlos Carvalhal, que levou o clube a uma pontuação histórica, é um fator inibidor para um treinador que vai estrear-se na primeira liga?
-De modo algum, funcionará antes como um desafio. Devemos crescer, ser mais fortes. Se tivesse herdado uma equipa mal sucedida e que não oferecesse garantias, seria mais complicado. Devemos continuar a fazer tudo para que o clube continue a ganhar e apontar à superação. Estando a fasquia elevada, teremos de estar ao mais alto nível.
Faz sentido pensar em superação depois de a equipa ter perdido Al Musrati (Braga), Nuno Santos (Sporting) e Taremi (FC Porto)?
-É a lei da vida no futebol. As pessoas passam, mas os clubes continuam. O Rio Ave faz crescer, potencia jogadores, mas colmatou essas saídas com outros jogadores. Espero que correspondam aos nossos desejos.
Aposta num novo apuramento europeu?
-Sabemos que outras equipas investiram muito para atingir o mesmo objetivo e, por isso, não vamos lutar sozinhos. É preciso trabalhar, ter competência e alguma sorte. Foi o que se verificou com o Rio Ave na época passada.
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A equipa já está no ponto desejável para o jogo com o Borac?
-Temos pouco mais de três semanas de trabalho e o que está a acontecer [a pandemia] tem condicionado algumas situações. Prolongou demasiado a época anterior e, por isso, as férias e a pré-época foram um pouco curtas. Sinto a equipa motivada e cheia de ambição. Ainda faltam uns dias até esse jogo, mas sinto a equipa preparada. Pelo nome do adversário, temos tendência a achar que as coisas vão ser fáceis, mas não será assim. Até uma das equipas secundárias do clube já nos criou dificuldades. O Borac já leva sete jogos do campeonato da Bósnia, um da Taça e uma eliminatória da Liga Europa. Isso nunca poderá ser uma desvantagem, mas trata-se de uma eliminatória a ser disputada fora de casa e numa única mão. Mesmo sem público, tudo pode acontecer. Estamos otimistas, sem esperar facilidades.
Justificam-se novos ajustes no plantel?
-O mercado estará aberto até outubro e, a qualquer momento, poderão verificar-se entradas e saídas. Temos jogadores de qualidade, mas julgo que o plantel poderá melhorar com a entrada de um médio-defensivo.