ENTREVISTA, PARTE I - Diferença mínima entre os três primeiros faz Marcano lançar duas previsões em entrevista exclusiva a O JOGO: que esta época os grandes ganharão muitos pontos e que a competitividade será constante
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Na ressaca da época mais difícil que viveu como profissional, marcada por um longo processo de reabilitação a uma rotura dos ligamentos do joelho direito, Marcano conversou em exclusivo com O JOGO sobre o regresso à competição, os desafios de um drama que o fez mudar a visão sobre o futebol, a experiência como lateral-esquerdo, o pós-Liverpool e, claro, o arranque do FC Porto no campeonato.
A esse propósito, o central espanhol acedeu a fazer uma avaliação aos principais rivais na luta pelo título, na qual vê um Benfica "mais forte" no segundo ano de Jorge Jesus e um Sporting no mesmo patamar que o conduziu à vitória em 2020/21. A finalizar, deixa elogios ao profissionalismo de Pepe e aponta Toni Martínez à seleção espanhola.
O FC Porto chega a esta paragem no segundo lugar, a um ponto do Benfica, mas ainda invicto no campeonato, com uma visita ao Sporting pelo meio. É um arranque dentro das vossas expectativas?
-Está provado que o campeonato está bastante competitivo. Os três primeiros estão separados apenas por um ponto e isso quer dizer que há muita igualdade. É verdade que já jogámos com o Sporting, mas as nossas expectativas são sempre ganhar. Empatámos na Madeira, apesar de termos feito um bom jogo e de termos sido superiores, e depois com o Sporting. Mas é como digo: nós, FC Porto, temos de tentar ganhar todos os jogos e temos de olhar já para os próximos.
Sente que este balneário tem o mesmo espírito do balneário que conquistou o último título (2019/20)?
-Sim. Se não me equivoco, o título foi há dois anos e o balneário não mudou muito. Tem um espírito muito ligado à essência do míster. Confio muito no nosso balneário. É muito bom, com jogadores que se respeitam entre eles e que querem ganhar. Gosto deste balneário assim.
Como olha para os principais adversários em comparação com a época passada?
-A sensação é de que o Benfica está um bocado melhor do que na época passada, porque tem mais um ano com o treinador e as suas ideias. E o Sporting dá a sensação de que está similar à época passada. Acho que será uma época com os três grandes a ganharem muitos pontos. Além disso, o Braga tem muito valor e continua a ser uma equipa muito competitiva, que luta pelos lugares cimeiros.
Esta temporada começou a jogar como lateral-esquerdo. Como foi a experiência, depois de já o ter feito quase no início da carreira, no Racing?
-Foi uma experiência positiva. Já há muito tempo que não jogava como lateral-esquerdo, mas não é por isso que tinha problemas em jogar lá. Gosto de jogar em qualquer posição que o míster decida, obviamente [risos]. Se puder ajudar como lateral-esquerdo, sem problemas.
Entretanto passou a jogar como central e fê-lo com Pepe, Mbemba e Fábio Cardoso. As suas funções específicas mudam consoante o companheiro de posição?
-Não. Temos uma ideia de jogo muito definida e não é pelo companheiro que temos ao lado. Sabemos o que o míster pede aos centrais e temos de cumprir uma função que não depende do companheiro, mas sim da ideia da equipa. Não individualizamos.
"Tivemos de limpar o Liverpool..."
Um empate (0-0) em Madrid deixou o FC Porto a sonhar com o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões no denominado "grupo da morte", mas a goleada (5-1) sofrida em casa com o Liverpool foi um duro golpe que atingiu o plantel.
Sérgio Conceição fez reparos à equipa em público e juntou-lhe mais alguns no momento de crítica em privado. Contudo, Marcano garante que a proximidade do desafio com o Paços de Ferreira levou os portistas a varrerem rapidamente da cabeça a derrocada e a tentarem uma reação, que chegou atrelada a uma reviravolta (2-1).
O espanhol ainda acredita no apuramento na Champions, mas vinca a necessidade de vencer Atlético e Milan no Dragão.
Que lição retirou a equipa do jogo com o Liverpool para o resto da época?
-A lição que se pode tirar deste tipo de jogos quando perdes é, obviamente, no aspeto técnico e tático. O mister falou-nos das coisas que tinham corrido mal, obviamente, e isso fica para nós. No aspeto psicológico, tínhamos de tentar... não digo esquecer, porque foi um jogo em que as coisas não correram bem, mas tínhamos de pensar no jogo a seguir [Paços de Ferreira], porque era o mais importante. Ouvir a lição do míster sobre o que correu mal em termos técnicos e táticos e depois limpar a cabeça para o jogo seguinte, porque o campeonato continuava e tínhamos de dar 100%.
O que precisa o FC Porto de fazer agora para ainda poder chegar aos oitavos de final da Champions?
-Ficar entre os dois primeiros [risos]. É óbvio que é um grupo complicado, para mim o mais difícil desta Liga dos Campeões, e o que precisámos de fazer é tentar ganhar os jogos que faltam em casa, porque serão muito importantes, e depois fazer bons jogos fora. Mas acho que os pontos em casa são muito importantes nesta Champions.