Os dados recolhidos por O JOGO ao longo da época fazem a divisão entre as coimas imputadas aos funcionários e aos clubes. Comportamento dos adeptos volta a ter um peso significativo
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Terminada a época em Portugal, é altura de pegar na calculadora e fazer contas às multas aplicadas pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF): quase um milhão e 200 mil euros, concretamente 1 134 042, de acordo com os dados recolhidos por O JOGO com base nos relatórios oficiais do órgão liderado por José Manuel Meirim. Em relação à temporada anterior, regista-se um aumento de aproximadamente 138 mil euros. Mesmo com os constantes apelos à moderação e contenção, não faltaram polémicas e o ambiente escaldou inúmeras vezes, dentro e fora das quatro linhas, ainda que nestas contas estejam incluídas infrações tão banais como um simples esquecimento da braçadeira de treinador e outras mais graves, que até ditaram jogos à porta fechada.
O que também é interessante constatar é que o campeão nacional, Benfica, foi igualmente o campeão das multas, tal como acontecera em 2017/18 com o FC Porto, mas aí com um valor inferior. Este ano, os dragões pouparam cerca de 79 mil euros em multas e às águias foram cobrados mais 75 mil euros. O V. Guimarães subiu uma posição e foi o segundo clube mais multado enquanto o menos visado pelo CD foi o Marítimo.
s O valor das multas aplicadas pelo Conselho de Disciplina rebentaram a escala do milhão de euros, com o Benfica a suceder ao FC Porto também na liderança desta tabela
Os valores que apresentamos [ver infografia] estão divididos em duas partes, uma dedicada às penas aplicadas a jogadores, treinadores e dirigentes e a outra imputada aos clubes. Aqui incluem-se as multas por atrasos no início e reinício dos jogos, comportamento incorreto do público, entrada de materiais pirotécnicos e todas as restantes infrações, desde os cortes artísticos da relva às ações das mascotes - ver caixa -, até aos processos disciplinares levantados pela FPF. É por aqui que os encarnados terminam bem à frente dos outros e, por isso, saem a perder. Foram multados em 110 mil euros pelas atitudes dos adeptos (quase o dobro do segundo, FC Porto) e em 101 mil euros na tal categoria diversa, 35 mil euros acima do mais próximo, o V. Guimarães. No caso do Benfica, estamos a falar de punições por críticas à arbitragem, dos processos que ditaram a interdição do Estádio da Luz e de...Valdemar Duarte: 34 430 euros por se ter referido ao FC Porto com termos como "corja", "bandidos", "gentalha" ou "mafiosos", num relato na BTV. O Benfica foi também o clube cujos dirigentes receberam as multas mais altas (12 571 euros) enquanto os dragões lideram as coimas pelos atrasos - 9792 euros.
A mascote depois do gato
Nos relatórios do CD há espaço para situações caricatas. O Sporting foi multado em 479 euros porque a mascote, o Jubas, abraçou um jogador do clube que falava nas entrevistas rápidas. Em resposta, deu-se uma onda de apoio por partes das mascotes de outros clubes. Na época passada, o caso mais insólito foi a "invasão" de um gato preto no estádio do V. Setúbal, que teve de pagar 153 euros.
Sérgio Conceição foi o mais multado
No ranking dos castigos aplicados aos treinadores, Sérgio Conceição surge destacado no primeiro lugar, com mais de 16 mil euros em multas. Muitos desses euros que lhe saíram do bolso deveram-se ao esquecimento da braçadeira de treinador, que é punido pelo Conselho de Disciplina com uma coima de 287 euros. Contudo, o jogo que mais caro saiu a Conceição foi a visita a Braga para o campeonato. Naquela tarde, além de se ter esquecido da braçadeira, o técnico foi visado pela reação aos insultos dirigidos pelos adeptos da casa: 2869 euros e oito dias de suspensão.
A coima mais alta para o técnico portista chegou de Braga. Rui Vitória, de uma só vez, pagou quase seis mil euros por críticas à arbitragem, mas o castigo demorou tanto a sair que o treinador já estava fora
Mais alta, no entanto, foi a multa aplicada a Rui Vitória pelas críticas que proferiu a João Capela, na sequência do empate a duas bolas do Benfica com o Chaves, em setembro: 5740 euros. Foi aberto um processo disciplinar que só conheceu um desfecho no dia 21 de janeiro, já o técnico tinha sido substituído no Benfica por Bruno Lage, que terminou a época sem multas, ainda que um atraso na chegada à zona de entrevistas rápidas, também em Braga, tenha custado 4782 euros ao clube da Luz. No entanto, o segundo mais castigado foi José Mota, que acumulou dois clubes (Aves e Chaves) e multas altas.
No extremo oposto estão Silas (Belenenses), António Folha (Portimonense), Costinha (Nacional), Pepa (Nacional) e Petit (Marítimo; também se inclui o antecessor, Cláudio Braga), que não tiveram de pagar qualquer multa ao CD. Para Petit e Pepa foi mais fácil sair com a folha limpa esta época, já que concluíram o nível IV do curso de treinador e estão por isso habilitados a exercerem a função sem castigos . O mesmo não pode dizer Silas, que ainda está impedido de dar instruções, caso contrário... multa.
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