A O JOGO, Quique Flores, antigo técnico das águias e do extremo, garante a qualidade do reforço. O internacional belga, que custa 20 milhões de euros mais quatro por objetivos, pode ser arma para desequilibrar jogos, mas precisa, diz o ex-treinador do Sevilha, de confiança para brilhar.
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Dodi Lukebakio fechou o plantel do Benfica, colmatando uma vaga criada pela saída de… Di María. Chega à Luz a troco de 20 milhões de euros (mais quatro por objetivos) proveniente do Sevilha e quem o conhece bem garante que Bruno Lage vai ter às suas ordens um jogador capaz de desequilibrar jogos. “Dodi é um futebolista diferenciado, é rápido, muito ágil, muito habilidoso, é capaz de deixar os defesas para trás e deve jogar preferencialmente com a perna trocada, ou seja, do lado direito, porque tem capacidade de penetração e de passe”, começa por dizer a O JOGO Quique Flores, que orientou o extremo na Andaluzia e técnico que comandou as águias em 2008/09.
“Tem as melhores virtudes de um futebolista que joga nos flancos, é driblador, é assistente, com os seus passes e cruzamentos, e é um goleador. Tem o que é preciso para um extremo, é pulsante, perigoso, cria espaços e oportunidades de golo. Quando a bola passa por ele acontece sempre algo”, garante o técnico espanhol, sublinhando, no entanto, que o internacional belga precisa de sentir confiança e apoio, nomeadamente do seu comandante. “É um jogador que tem golo, mas tem que ter continuidade para poder alcançar o nível de confiança de que necessita. Tem umas habilidades especiais e bastante diferenciadas, mas também precisa de continuidade no que diz respeito a jogos, se isso não acontecer não vamos encontrar com facilidade o seu melhor rendimento”, realça, considerando que o sucesso do novo extremo da Luz “dependerá também muito do protagonismo que lhe deem na equipa”. “Com mais confiança, mais minutos e sentindo mais o apoio da sua equipa e do seu treinador, poderá fazer melhor o que sabe”, expressa Quique Flores, que o orientou em 2023/24 no Sevilha.
Com 27 anos, e à beira dos 28, Lukebakio foge ao perfil habitual de contratações do Benfica, mas o técnico espanhol entende a aposta, considerando que o atacante “está numa idade muito boa para um jogador”. “Creio que tem condições favoráveis para render”, frisa, reforçando: “Se não tiver lesões está perfeitamente preparado para poder jogar e fazer a diferença no Benfica. Estando bem, é um jogador muito ligeiro, ágil, tem boa preparação física, é muito rápido e capaz de marcar a diferença.”
A traçar caminho diferente de Di María
No final da época passada, já nos Estados Unidos da América, no Mundial de Clubes, Bruno Lage avisou que o seu plantel precisava de um extremo-direito, até porque Di María, o jogador que mais vezes ocupou o posto, já tinha anunciado a saída rumo ao Rosario Central. Quique Flores conhece bem Angelito, pois treinou-o no Benfica em 2008/09, mas recusa-se a fazer comparações, até porque fala de Fideo como uma “lenda”. Porém, crê no sucesso de Lukebakio. “Quando há uma lenda pelo meio o melhor é não fazer comparações, é injusto para quem chega. Tive a oportunidade de treinar o Di María no Benfica e agora ele despediu-se do Benfica com 30 e muitos [n.d.r.: 37]. É uma lenda. Compará-los é um exagero. Há que deixar o Dodi fazer o seu caminho, acredito que se render vai estar algum tempo no Benfica”, frisa, deixando uma garantia: “É um jogador que vai agradar muito aos adeptos do Benfica, que gostam da qualidade. O futebol português está cheio de jogadores talentosos e ele pode marcar a diferença no Benfica.”
Formado no Anderlecht, Lukebakio chega à Luz após passagens por La Liga e pela Bundesliga. Por isso, o técnico prevê bom rendimento em Portugal. “Se já demonstrou qualidade em ligas importantes como na Alemanha e em Espanha e já marcou aí a diferença, acredito que está preparado para marcar também a diferença em Portugal. Vem de uma época em que marcou muitas diferenças, foi talvez o melhor jogador do Sevilha por muito”, sublinha Quique Flores, que elogia também a personalidade do atleta e a atitude fora de campo: “É uma boa pessoa, com um bom comportamento no balneário, é profissional, gosta do que faz, fala com o treinador, pergunta-lhe coisas, está sempre disponível. É um jogador muito interessante, vai dar muito ao Benfica.”
Sem comentar o valor do negócio – “Sou treinador, não falo de dinheiro”, atira, rindo –, revela que apesar do seu passado na Luz o atleta não falou consigo sobre a mudança: “Estive oito meses no Sevilha e falámos sobre o que queria que ele fizesse no campo. Nem sei se ele sabe que passei no Benfica, foi há muitos anos. E quando estive lá ele era muito jovem [11 anos]”.