Luiz Phellype recorda a difícil passagem por Angola e a orelha cortada na Bélgica
O avançado brasileiro do Sporting é o protagonista de uma entrevista ao site da ESPN Brasil
Corpo do artigo
A carreira de Luiz Phellype, que agora vive um ponto alto ao serviço do Sporting, teve de tudo um pouco e nem sempre foi fácil. Entrevistado pela ESPN Brasil, o avançado recorda uma trajetória que começou no quase anonimato da quarta divisão brasileira, passou pela Bélgica, Angola e por alguns clubes da II Liga de Portugal antes de destacar-se no Paços de Ferreira.
A passagem pela Bélgica: "Era tudo novo para mim porque foi a minha primeira vez fora do país. O inverno de lá era muito frio. Fiz 22 golos pela equipa B do Standard Liège, fui o goleador dessa equipa e campeão. Tive algumas oportunidades na equipa principal e foi ótimo porque aproveitei bastante.
Sem um pedaço da orelha: "No inverno quando não estáa nevar fica uma camada muito fina de gelo em cima do chão. É preciso ter muito cuidado, muitos hospitais atendem pessoas que sofrem esse tipo de acidente. Eu estava mexendo no meu telemóvel, distraí-me e caí. Bati com a cara no chão, parti o braço e cortei um pedaço da orelha. Fiquei um mês e meio parado. Foi um período difícil porque perdi a oportunidade do Standard Liège comprar o meu passe. Estava indo muito bem, mas perdi tempo..."
A ida para Angola: "Foi aí que o Recreativo Libolo ficou interessado em mim. Eu não parei para pensar muito bem. Como estava desesperado para jogar, aceitei a proposta. Somente quando cheguei lá é que vi, mas não poderia fazer nada. Tive que cumprir meu contrato. Foi um período muito difícil da minha profissão, mas como experiência de vida foi espetacular. Eu vi muitas coisas e cresci bastante."
A miséria: "A cidade onde eu morava era a uns 500 quilómetros de Luanda e só tinha o futebol. Havia um condomínio onde moravam os jogadores, o estádio e o resto era só aquela situação toda. Miséria, pessoas a passar dificuldades... Era complicado viver por lá. A gente fazia o que podia para tentar ajudar as pessoas. Além disso era preciso viajar sete horas de autocarro até Luanda e as estradas eram muito más. Se o jogo era mais longe, precisávamos ir até Luanda e ainda apanhar um avião. O estrangeiro que vai para lá ou faz um esforço muito grande para ficar e entender o país ou vai embora"