Dirigente demissionário pretendia que a próxima reunião de sócios fosse realizada pela internet, numa decisão que esbarrou contra a Direção, como comprova a carta a que O JOGO teve acesso.
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Luís Nazaré bateu com a porta e pediu a demissão do cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), que exercia há uma década.
Oficialmente, como revelou em carta enviada ao executivo liderado por Luís Filipe Vieira, o dirigente demissionário argumentou que deixa o posto devido à "insuperável incompatibilidade de posições com a Direção acerca do formato e do sistema de sufrágio da próxima Assembleia Geral do clube".
De facto, este foi o tema da discórdia, mas o presidente da MAG, segundo O JOGO apurou, sentiu-se encurralado pela posição definida pela Direção e pelos outros elementos do órgão a que presidia.
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Defendia Luís Nazaré que a AG de apresentação e votação do próximo orçamento do clube, prevista para meados de junho, deveria ser feita através do site do clube, mediante registo anterior, de forma a evitar riscos de contágio da covid-19. A decisão, estatutariamente, é do presidente da MAG, mas os restantes dirigentes rebateram-na, alegando que os estatutos definem que a AG tem de contar com a presença física dos sócios e que muitos deles não conseguiriam ou saberiam fazer uso dos seus direitos via internet.
O gestor, professor universitário e político de 63 anos abdicou na quinta-feira à noite, poucas horas antes de receber uma carta assinada por todos os elementos da Direção em que, além de ser historiado o processo, finalizavam a missiva com um aviso. No último parágrafo pode ler-se que qualquer decisão a tomar na referida AG suscitaria "a apreciação judicial da validade deste processo", referindo-se à opção pela AG virtual. No comunicado oficial redigido na sexta-feira, a Direção limitou-se a explicar o âmbito estatutário e a garantir que tinha dado indicações para que fosse realizada a AG segundo as indicações de Luís Nazaré.
"Cada um fará as leituras que bem entender"
Na reação, o agora ex-líder da MAG encarnada realçou que "as opiniões são livres e expressas como cada um entender". "As leituras, cada um fará as que bem entender, mas aquilo que disse está na carta. Procurei ser explícito e claro nessa carta para não ter de fazer outros esclarecimentos, como quem se demite por problemas pessoais e depois ninguém sabe porque o fez. Outras coisas são outras coisas, o motivo é aquele", referiu a O JOGO, recusando clarificar quais as divergências de fundo a que aludiu na sua carta de demissão.
"Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um historial que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho. Não há truques aqui"
"Não comento, é o que está ali. Não havia condições para Assembleia Geral e voto presencial", reafirma. "Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um histórico que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho em relação às posições de todas as partes, não há truques aqui", acrescentou, sem se querer alongar mais sobre o assunto.