ENTREVISTA II >> O Rio Ave regressa à Liga Bwin, mas esta não é a primeira subida de divisão do treinador Luís Freire
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Esta não é a primeira subida de divisão de Luís Freire, que se tem revelado um verdadeiro especialista nos diferentes escalões por onde tem passado, mas recusa qualquer comparação com Vítor Oliveira, o rei das subidas no segundo escalão nacional.
Entre os distritais, os nacionais e a II Liga, o Luís Freire já tem sete subidas na sua curta carreira. Já podemos falar num "mini" Vítor Oliveira?
-Não! Vítor Oliveira só há um, só vai haver um e não acredito que haja mais alguém. O Vítor Oliveira fez onze subidas na II Liga e não nos outros campeonatos, orientou a sua carreira para aí e seguiu isso. Eu vou querer seguir a minha e não quero que passe por ser alguém conhecido por subir de divisão. Já fiz este caminho, tenho 36 anos, tenho que olhar para o futuro e para aquilo que posso atingir como treinador. Depois do trabalho feito nos escalões inferiores não vou querer voltar para trás. Voltei para trás nesta divisão porque sou novo, tenho muito tempo para chegar onde quero e porque o Rio Ave é um grande clube. Sabia que tinha grandes possibilidades de subir de divisão porque me iam dar condições, mas o meu objetivo é continuar a subir na carreira e ver até onde consigo chegar.
"Vítor Oliveira só há um, só vai haver um e não acredito que haja mais alguém. O Vítor Oliveira fez onze subidas na II Liga e não nos outros campeonatos, orientou a sua carreira para aí e seguiu isso"
Agora que chegou novamente à I Liga, não quererá sair de lá...
-Claro. Não há outra hipótese. Sinto-me muito mais preparado do que quando cheguei pela primeira vez, por vários fatores, porque só jogando consegues perceber onde estás. A dificuldade é sair do amador, ir para o semiprofissional, chegar ao profissional e ires ao topo sem ninguém te ensinar. Tens que aprender por ti porque não passaste lá. Não fui jogador de futebol profissional na II Liga e na I Liga e tive que aprender por mim. Vais levando socos ao longo do caminho e tens que aprender com eles, porque não te vão dar duas oportunidades. No clube que estamos a representar temos muitas condições para fazer um bom trabalho na I Liga.
Luís Freire subiu duas vezes o Ericeirense, outras tantas o Pêro Pinheiro, uma o Mafra, uma o Nacional e agora o Rio Ave, somando sete subidas.
"Não se pode dizer que o grupo é muito importante e depois vai tudo embora"
Apesar da renovação de contrato ainda não estar assinada entre as partes, algo que deverá acontecer nos próximos dias, é garantido que Luís Freire vai continuar no comando do Rio Ave, como de resto o próprio assume indiretamente nesta entrevista. Manter grande parte do plantel que subiu de divisão é obrigatório no entender do treinador.
Olhando para a próxima temporada do Rio Ave, será preciso mexer muito no plantel ou a ideia é manter a base do grupo?
-Não. Mexer muito é um erro, porque temos coisas criadas aqui dentro com muita força que não se podem perder de maneira nenhuma. A nossa identidade, a nossa forma de estar aqui dentro, a valorização que demos ao clube, o gostar de estar no clube, isso não se pode perder. Não se pode dizer que o grupo é muito importante e depois vai tudo embora, não tem lógica nenhuma. Temos que manter os valores que construímos juntos e, depois sim, temos que aportar qualidade técnica e continuar na senda do mesmo caráter, do mesmo espírito, do mesmo profissionalismo e do mesmo olhar para o Rio Ave como uma grande oportunidade. Penso que a visão do clube também é essa. Não estamos interessados em revoluções, estamos interessados em melhorar.
Refere-se a seis ou sete jogadores novos?
-Sinceramente, passou pouco tempo e talvez daqui a dez dias possa falar mais concretamente. Ainda não me sentei a olhar bem para as coisas. No geral é isto que nós queremos, mantendo o que está bem e melhorando.
O que precisa de ter um jogador para agradar ao Luís Freire?
-Tem que ter um caráter que eu consiga perceber que podemos contar com ele para o bem e para o mal em todas as ocasiões. Ser um jogador de equipa é fundamental. Só talento não chega no futebol.