"Luis Díaz era o melhor da minha equipa, mas muitas vezes não o colocava a jogar"
O JOGO viajou até ao humilde Bairro Lleras para conhecer as origens do mais recente craque colombiano do FC Porto. Não faltam histórias.
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Luis Díaz nasceu há 23 anos (e três meses) no Bairro Lleras, município de Barrancas, departamento de La Guajira, na Colômbia. Esta pequena localidade fica perto da fronteira com a Venezuela e a mais de 100 quilómetros de uma grande cidade, Riohacha. Por ali, naqueles tempos, a única distração dos miúdos como Luis Díaz era observar o comboio cheio de carvão a passar todos os dias em direção à mina de Cerrejón, uma das maiores do mundo. Isso e, claro, o futebol. Muito futebol.
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Eram horas e horas de futebol de rua com os amigos, intercaladas com os estudos na escola, até porque essa era imposição da mãe: sem boas notas acabava-se a bola. Luis Díaz cumpria na escola e jogava na rua, mas, sobretudo, na escola do pai, Luis Manuel, onde começou a dar os primeiros toques. "Ainda hoje continuo a ensinar crianças, entre os cinco e os 14 anos", começou por contar Luis Manuel a O JOGO, orgulhoso do seu projeto de muitos anos.
"Foi assim que o Luis Díaz começou a aprender a jogar. Ele sempre se destacou dos outros meninos, era muito habilidoso. Estava sempre a dizer que queria imitar o Ronaldinho Gaúcho, que ia fazer as mesmas fintas. E algumas conseguia", prosseguiu. No entanto, Luis Manuel recorda aquele que foi, no seu entender, um dos principais ensinamentos que passou ao filho, pelo menos no que diz respeito ao futebol. "Ele era o melhor da minha equipa, mas muitas vezes não o colocava a jogar. Queria que ele aprendesse que ser o melhor e ter talento não era suficiente, que também era necessário muito esforço; queria que ele percebesse que só jogaria se treinasse sempre no máximo, de preferência ainda mais do que aqueles que eram mais limitados. Acho que esta fase foi muito importante para ele ser quem é hoje", prosseguiu.
Quando era pequeno e frequentava a escola de futebol do pai, Luis Manuel, queria ser igual a Ronaldinho Gaúcho. Imitava-lhe as fintas, era o melhor da equipa, mas, mesmo assim, o pai mandava-o para o banco...
E, hoje, Luis Díaz é um dos craques de um "grande clube Europeu". "Aqui na nossa localidade todos têm um grande orgulho naquilo em que ele se transformou. O que ele tem feito no FC Porto é fantástico", afirmou. Para já, são 12 golos e quatro assistências em 39 jogos. Dito de outra forma, o colombiano é o segundo melhor marcador da equipa (atrás apenas de Soares, com 16 golos) e o terceiro do plantel com mais jogos realizados esta temporada (só Corona e Alex Telles têm mais). "Ele está muito feliz, sente que fez a aposta certa. Tinha vários clubes interessados, mas ele sempre quis o FC Porto, até pelo sucesso que muitos colombianos tiveram no clube. Está tranquilo, a ter sucesso, e a mostrar as suas qualidades no sítio onde ele sempre quis jogar: a Europa", acrescentou. "A lesão atrapalhou um pouco a sua afirmação, esta situação da pandemia também, mas no geral está a correr muito, muito bem. Apesar de tudo, ele ainda está numa fase de aprendizagem e sente que vai dar ainda mais à equipa na próxima época. Vai estar mais preparado, sem dúvida", acrescentou Luis Manuel, revelando que o filho vai, ao que tudo indica, cumprir mais um sonho na próxima temporada:
"Jogar uma fase de grupos da Liga dos Campeões". Segue o sonho do menino que nasceu no fim do mundo.