ENTREVISTA PARTE I - Em exclusivo a O JOGO, "El Comandante" lamentou a queda do FC Porto para a Liga Europa, elogiou Sérgio Oliveira, Vitinha e Pepe e diz que Conceição "encontrou o seu lugar" no Dragão
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Lucho González terminou a carreira em março e continua a viver no Brasil, de onde conversou com O JOGO sobre o "seu" FC Porto que viu vencer o Benfica em dose dupla com duas exibições que deixam o antigo médio otimista quanto ao título. Aliás, até encontra semelhanças entre a atual equipa e a de 2007/08 que Lucho integrava e que, sob a orientação de Jesualdo Ferreira, venceu o campeonato com 20 pontos de avanço.
Sérgio Oliveira é o mais parecido com "El Comandante", segundo o próprio, e Vitinha o jogador que destaca. O que não consegue digerir é ver o compatriota Otamendi com uma camisola encarnada em campo...
Argentino vibrou com os dois triunfos sobre o Benfica e diz que esta equipa lhe faz lembrar a que venceu o campeonato com 20 pontos de avanço, em 07/08
Continua atento ao percurso do FC Porto?
-Do FC Porto acompanho tudo. Vejo os jogos e, se por alguma razão os perco, mal tenho tempo procuro os resumos e os golos. Vi o clássico da Taça de Portugal, foi uma vitória impressionante. Sabia que o jogo começava às 17h45 [hora da Argentina, onde se encontrava de férias], mas só comecei a ver um pouco depois e já estava 2-0. Esses golos cedo são uma vantagem enorme. Depois, manteve o ritmo durante todo o encontro e terminou com três golos, mas podiam ter sido muitos mais. Foi a sensação com que se ficou. Foi um grande triunfo por ser contra o rival, com a magnitude que isso representa. Antes da partida ninguém imaginava que podia ser esse o resultado.
Seguiu-se outra vitória, contra o rival, agora para o campeonato..
-Foi outro grande jogo do FC Porto em que voltou a mostrar que é superior ao Benfica neste momento. A equipa está muito bem. Nota-se em campo e na atitude com que encara as partidas. Foi uma vitória chave na luta pelo campeonato porque os clássicos são decisivos. Deu uma vantagem importante na tabela e agora a luta continua bem apertada, num mano a mano com o Sporting.
Onde poderá estar a chave do campeonato?
-Creio que vai ser o clássico com o Sporting. Esses jogos são fundamentais na luta pelo título. Vejo uma equipa confiante, era algo que nós também tínhamos. Estávamos convencidos de que havia uma diferença entre o FC Porto e as restantes equipas, então, entrávamos em campo sabendo que não tínhamos como perder.
A que equipa em particular esta faz recordar?
-Faz-me recordar o terceiro ano com Jesualdo Ferreira. Internamente, sabíamos que éramos superiores e fomos campeões quase com 20 pontos de diferença. É certo que há o Sporting e o Benfica, apesar de já estar um pouco longe do primeiro lugar, mas este FC Porto mostra estar acima da concorrência.
Que balanço faz da época do FC Porto até à data?
-Na Liga dos Campeões foi complicado por causa do grupo que saiu. Mas mesmo assim esteve até à última com hipóteses de passar. No campeonato está muito bem e vejo o FC Porto superior aos adversários. Na Champions faltou um pouco de sorte, por norma passa sempre aos oitavos. Foi um ano atípico pela falta de público em grande parte dos jogos, mas a campanha na Liga portuguesa é mais do que positiva.
Foi um grande fracasso não passar aos oitavos?
-Era o grupo mais difícil de todos. Às vezes, é preciso o fator sorte para seguir em frente. Chegou ao último jogo com hipóteses e aconteceu um resultado inesperado. Mas não se pode esquecer que, como disse, era o grupo mais difícil. Agora, o objetivo é ser candidato na Liga Europa. E vai ser candidato, não duvido. Claro que é uma prova difícil também, tem grandes equipas, algumas de Champions, como o FC Porto e o Barcelona, por exemplo.
A sorte que faltou na Champions teve-a no sorteio da Liga Europa?
-Não sei se chamo sorte. A Lázio é uma equipa difícil, um grande de Itália. Vai ser uma eliminatória equilibrada, que o FC Porto vai encarar com toda a seriedade, como faz sempre. Mas é candidato.
Pode ser uma pressão para o plantel esse estatuto de estar obrigado a chegar longe?
-Não creio que vão sentir esse peso porque naquele clube estão habituados a essa exigência da história. O treinador e os jogadores com mais experiência sabem que quando não se consegue um apuramento para os oitavos da Champions, o objetivo é a Liga Europa. A história é marcada pelas conquistas que conseguiu e há que repetir.