O Comandante esteve na Invicta e deu um salto à redação de O JOGO para passar em revista 2018. Participou na eleição de melhor do ano e apontou o momento mais marcante
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O ano de Lucho foi cheio de problemas pessoais, mas também repleto de alegrias desportivas. Ganhou com o Atlético Paranaense, pelo FC Porto e até pelo River Plate. Para fechar em beleza, um regresso ao Porto e uma visita ao Dragão. A seguir passou pela redação de O JOGO para nos contar tudo.
Há muito tempo que não o víamos por cá...
- Há muito tempo que não vinha. O ano foi longo, difícil. Agora fico só três dias, mas voltarei em janeiro. Mas olhem que estou sempre atento...
Todos nos lembramos do vídeo que enviou a celebrar o golo do Herrera na Luz. Falaram disso neste reencontro no Olival?
- Falámos de muita coisa. Fotografei-me com ele porque, deste plantel, só joguei com ele e Fabiano. Além disso, quando jogávamos juntos, dávamo-nos muito bem e, então, fica esse carinho especial. Esse vídeo foi espontâneo. Festejei muito. Não consigo esquecer o momento.
Deu-lhe então especial prazer que a vitória na Luz tenha sido com um golo do Herrera?
- Sim, claramente foi muito especial. É um jogador que conseguiu dar a volta e tornou-se um ídolo.
O JOGO promoveu a eleição de melhor do ano. Em quem votaria Lucho?
- Marega, porque fez a diferença, ou Herrera, que também fez um grande ano e é um jogador e uma pessoa por quem tenho um carinho especial há muito tempo. Fico feliz que hoje tenha o devido reconhecimento. É bom para um jogador sentir-se querido pelos adeptos.
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Herrera usa uma braçadeira que lhe pertenceu muitos anos. O que é que ele tem que lhe permita ser um bom capitão?
- Tudo! É uma pessoa séria, um jogador profissional, respeitado e querido por todos. No grupo nota-se que todos o respeitam. O principal, para se ser um bom capitão, é dar o exemplo da forma menos vista possível, trabalhar sempre e nos momentos difíceis nunca se dar por vencido. No início nem sempre foi fácil para ele, mas resistiu.
É fácil ser-se capitão de um clube como o FC Porto?
- Fácil não, mas também não é difícil. Não cheguei aqui com o objetivo de ser capitão. Aconteceu naturalmente e depois foi um orgulho. Não há palavras para descrever isso, não sentia pressão por ser capitão, agia naturalmente.
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Quem mais destaca?
- Casillas fez um grande ano. Já demonstrou em toda a sua carreira a qualidade que tem e que ainda está a jogar a um alto nível. O Danilo, apesar da lesão, é fundamental no êxito da equipa. Brahimi, quando está bem, desequilibra completamente e faz a diferença. O Felipe tem mostrado segurança... Muitos jogadores, além de Marega e Herrera.
O Casillas tem a mesma idade do Lucho. Como é que encontram forças para renovar objetivos?
- É o amor que sentimos pelo futebol. Já imaginei deixar de jogar, mas não consigo. Enquanto o físico e a cabeça estiverem bem, isso é fundamental. E depois quero continuar a ganhar títulos, demonstrar que ainda posso competir a alto nível. São desafios que vou colocando a mim mesmo. Casillas fará o mesmo.
Se pudesse misturar, quem levaria deste FC Porto para aquela equipa em que esteve quando foi tetracampeão?
- O Brahimi. Jogar com ele seria muito fácil. Tive Quaresma, Hulk e Lisandro, mas Brahimi ia adaptar-se bem.
Entre os triunfos do Atlético Paranaense, do FC Porto e do River Plate, qual o momento que mais destaca em 2018?
- Poder voltar a jogar. O reconhecimento do Atlético em dar-me um novo contrato, depois dos problemas pessoais que tive [a ex-mulher acusou-o de a ter tentado matar], foi muito importante. Deu-me a oportunidade de provar que tinha razão nesse diferendo e de retirar-me como queria. Nunca imaginei que me retiraria a levantar um troféu tão importante e a conquista da Taça Sul Americana é o que mais destaco, especialmente depois do problema pessoal que tive. É a prova de que quando lutamos conseguimos sair de problemas e coisas que não são verdade.
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"Bicampeão, se nada de estranho suceder"
Vê o FC Porto mais forte do que os rivais para 2019?
- Vejo um FC Porto bem, sólido... não tão vistoso, não a jogar como todos querem, mas olhamos e sabemos que vai ganhar os jogos. Além disso, os rivais não atravessam um bom momento e isso dá mais confiança a que o FC Porto possa ser bicampeão, se nada de estranho suceder.
E há ainda a Champions...
- Nessa prova é preciso sorte. Ficar em primeiro evita os clubes maiores. A Roma é grande mas não tem o potencial de outras equipas. É de 50/50 a percentagem de hipóteses, mas acho o FC Porto favorito. Depois é ir vendo se o sorteio ajuda... Nos quartos de final são quase sempre as mesmas equipas e é preciso sorte. Nós nunca tivemos. Com o Manchester [em 2008/09] estivemos perto, mas faltou sorte.
Já conhecia Sérgio Conceição pessoalmente?
- Conheci anteriormente, quando vim assistir a um jogo. É um treinador feito para o FC Porto. Teve sucesso como jogador, conhece a forma como o clube funciona por dentro e dá para perceber que não relaxa em nenhum treino, quer que tudo funcione como gosta e da maneira que quer que a equipa jogue. Vai dar muitas alegrias ao FC Porto.
Qual a quota-parte de responsabilidade de Conceição no título?
- Muita, muita... O FC Porto vinha de anos sem ganhar e ele fez acreditar aos próprios jogadores, que vinham a jogar juntos sem títulos há algum tempo, que era possível. Parece-me que tem grande percentagem no título do FC Porto.
Vê-o no topo da Europa?
- Sim, não tenho dúvidas de que, se for esse o desejo dele, tem todas as características para triunfar.
Como foi a receção no Olival? Apareceu de surpresa?
- Falo sempre com o Eduardo Braga [enfermeiro] e avisei-o. Fui muito bem recebido, mas há coisas muito diferentes do meu tempo. Nas vezes em que que voltei antes não tinha ido ao Olival. O clube em si continua da forma que era, com ambição, a querer ganhar, todos a remarem para o mesmo lado. Isso não muda.
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"Bernardo no top dos melhores"
Que boas novidades o futebol português pode esperar para 2019?
- O Bernardo Silva mostrou qualidade no Mónaco e com Guardiola, no City, ainda melhorou. Taticamente ganhou muita coisa e hoje é um jogador mais completo. Dá prazer vê-lo jogar. André Silva também está bem, depois de não ter tido sucesso no Milan. Voltou a fazer golos e rende na seleção.
O ano de 2018 foi o primeiro dos últimos 10 em que o melhor do mundo não foi Ronaldo ou Messi. Concordou com Modric?
- O reconhecimento a um médio chegou um pouco tarde. Se havia médio que devia ter ganho a Bola de Ouro era o Iniesta. Também é verdade que tanto Messi como Ronaldo fizeram coisas que eram merecedoras, mas Modric fez um ano excelente, levou a Croácia, junto com Rakitic, à final do Mundial. É um justo reconhecimento.
É o fim da hegemonia dos dois crónicos vencedores?
- Não... Ronaldo continua a fazer golos decisivos na Juventus e Messi também está bem. Um deles voltará a ganhar.
Ficou surpreendido com CR7 na Juventus?
- Não.. Imagino que é um desafio para ele, que queira jogar nas maiores ligas da Europa e tentar ser campeão e goleador em todas.
Quem vai dominar o futebol europeu no futuro?
- Mbappé e Neymar, principalmente. Mas Bernardo, se continuar a este nível no City, também. Já fazem a diferença e vão fazer mais. Especialmente Mbappé. Surpreendeu todo o mundo e é muito novo.