Treinador do Boavista recordou que a equipa ainda não teve qualquer penálti assinalado a favor e já teve vários contra, num campeonato em que o ruído a favor dos mais fortes já se tornou habitual.
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Queixas dos árbitros, explicações do Conselho de Arbitragem apenas para jogos que envolvem os três ditos grandes e uma acusação de agressão preencheram a semana que antecede a 14ª jornada da I Liga, com um ruído que já não surpreende o treinador do Boavista. Confrontado com o ambiente crispado do campeonato, Lito Vidigal mostrou-se conformado.
"Basta recuar e um recuo até bem longo no tempo: é sempre assim. É futebol, é paixão. As pessoas vivem-no de forma muito apaixonada, às vezes, não veem as verdades, veem a cor clubística, mas, também é isto que torna o futebol especial. Não estamos aqui a falar de nada diferente. E, se houver algo diferente, que seja para melhor. Agora, se recuarmos 50 anos, as discussões são as mesmas, por isso, nada de novo", comentou, esta quinta-feira, em conferência de imprensa.
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Questionado sobre o papel das instituições neste clima, designadamente, com a postura do Conselho de Arbitragem, entretanto criticada pelo Famalicão, que exigiu igualdade de tratamento, Lito Vidigal contou como convive com o fenómeno.
"Quando estamos num clube mais forte, as nossas palavras são mais protegidas, mais ouvidas, e quando não estamos, muitas vezes, temos de fingir que não percebemos as coisas", afirmou, e explicou com um exemplo da última jornada, do lance do golo do Benfica em que Marlon se lesionou: "O pior, para mim, é que perdemos um jogador. Saiu lesionado naquele lance e, se calhar, vamos estar no próximo mês sem ele. O que temos de fazer é encontrar soluções naquilo que depende de nós, no que temos em mãos, sempre de uma forma correta, inteligente, abordar alguns temas que são importantes para a melhoria do futebol, e eu tenho-o feito. Mas, a maior parte das vezes, somos pouco ouvidos".
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"O que temos de fazer", prosseguiu, "é, dentro das nossas possibilidades, continuar a desenvolver o nosso trabalho, esquecermos essas diferenças e encontrarmos equilíbrio com trabalho, a pensar nas vitórias, no jogo seguinte, na vitória seguinte."
Convidado a fazer as contas ao deve e haver do prejuízo no campeonato, Lito Vidigal dispensou a matemática dos pontos. Se merecia ter mais, diz não fazer ideia e "nem interessa": Só sei é que ainda não tivemos nenhum penálti a nosso favor e já tivemos vários contra. E sei que, nalguns jogos, tivemos lances que eram penálti a nosso favor e não foram marcados. Mas, não é isso que estamos aqui a discutir. Vamos é falar do que depende de nós, que é o nosso trabalho, que tem de ser feito de forma séria e responsável e dessa forma, mesmo com algumas injustiças, o que queremos é ter força mental para superar essas diferenças e continuar".