Incidências do Belenenses-Benfica estão a mexer com as estruturas do futebol profissional. Como disse ontem o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, "ninguém ficou bem na fotografia"
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Há um ditado popular que explica muito bem os desenvolvimentos posteriores ao Belenenses-Benfica da 12.ª jornada da Liga Bwin, de sábado: "Em casa roubada, trancas à porta". Porquê? Porque o universo do futebol é unânime: aquela partida nunca devia ter sido disputada. A verdade é que a questão do seu adiamento é um emaranhado de justificações e argumentos esgrimidos entre a administração da SAD belenense e o Executivo liderado por Pedro Proença.
Para então pôr trancas à porta, isto é, para que não se perca tempo à procura de motivos e poderes para evitar casos idênticos, o organismo anunciou, em comunicado, que é hora de ajustar os regulamentos das competições profissionais, os mesmos que serviram, até aqui, para uns se fazerem de mortos e outros assobiarem para o lado.
"Entendeu a Direção da Liga incumbir o Grupo de Trabalho Regulamentar de elaborar, com caráter de urgência, uma proposta de revisão das normas relevantes do Regulamento das Competições organizadas pela Liga Portugal (RC), de forma a reforçar os mecanismos à disposição da Direção para atuar em matéria de adiamento de jogos", refere a nota posterior à reunião da Direção, que, além do presidente da Liga e do representante da FPF, conta com Sporting, FC Porto, V. Guimarães, Vizela ,Arouca, Penafiel, Académico de Viseu e Covilhã.
Reagindo ao polémico jogo, cujo plantel da equipa visitada se encontrava dizimado pela covid-19, e que teve apenas nove elementos na ficha de jogo, dois deles guarda-redes, e que terminou - estava 7-0 para os "encarnados" - quando ficou reduzia a seis jogadores, o secretário de Estado do Desporto afirmou: "Ninguém ficou bem na fotografia".
João Paulo Rebelo, em entrevista à RTP 3 revelou ter pedido "um conjunto de esclarecimentos à Liga Portugal". "Queria estar munido de informação para que pudesse interpretar melhor este caso. Aguardo que formalmente me sejam enviados estes esclarecimentos", acrescentou. O governante diz-se "evidentemente preocupado com o futuro imediato". "Fiz um conjunto de perguntas, nomeadamente se faz sentido ou não que a Liga repense os seus próprios regulamentos, se a Liga tem ou não capacidade para dar resposta a situações deste género".
Segundo João Paulo Rebelo, "devia ter havido bom senso". "É fundamental perceber o que aconteceu e imediatamente começar a trabalhar, nomeadamente o promotor, no que tem que fazer para que uma situação destas não se volte a repetir. Há uma responsabilidade de quem tem que organizar estas competições. O melhor que podia ter acontecido, era não ter acontecido o jogo", acrescentou. E concluiu: "É mesmo desejável é que a Liga crie todas as condições, antecipe cenários, procure todas as formas para que uma situação desta natureza não se repita".