Leandro Andrade passou dois anos na Academia de Alcochete, mas voltou para o Algarve ainda iniciado por se sentir "só mais um". Na formação, o extremo foi colega de Bragança e Rafael Leão, "o melhor" com quem jogou. Quando saiu, disseram-lhe que iria "chegar lá na mesma, simplesmente ia dar uma volta maior".
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Leandro Andrade cumpre a quinta temporada no Qarabag, depois de ter passado por Olhanense, Fátima e Cherno More (Bulgária) enquanto sénior. Sem fazer planos a longo prazo, assume ter o sonho de jogar na Premier League, agora que vai cumprir outro: estar na Liga dos Campeões.
Tem contrato com o Qarabag por mais dois anos. Pretende cumprir, ou gostava de experimentar outros ares?
-Dizem que o jogador de futebol está sempre com a mala feita, nunca sabe se vai sair no próximo mercado. Neste momento estou bastante focado aqui, adoro o clube, o país é um espetáculo e não penso por agora em sair.
Tem vindo a melhorar o registo goleador de época para época, e o ano passado foi o melhor marcador do campeonato. Tem alguma meta estabelecida para este ano?
-Esse sempre foi o meu pior aspeto, como extremo ou 10, fazia muito poucos golos. Mas o treinador viu algo em mim que achou que podia resultar, trabalhando as minhas características. Não tenho um número específico, quero, sim, fazer mais do que na temporada passada. Não vai ser fácil, mas é uma pressão boa, vai-me fazer correr um bocadinho mais!
Passou dois anos na formação do Sporting, onde foi colega de Daniel Bragança e Rafael Leão. Por que é que voltou ao Algarve ainda nos iniciados?
-Sinceramente... Porque era muito bom no Algarve, mas no Sporting era só mais um, eram todos muito bons - o Rafael Leão, por exemplo, foi o melhor com quem joguei. Isso, misturado com algumas dores de crescimento, fez-me vir embora. Mas lembro-me de me terem dito que ia chegar lá na mesma, simplesmente ia dar uma volta maior do que os outros que lá ficaram. E tinham razão. Só tenho pena de não ser mais maduro na altura e entender realmente onde estava, porque tinha trabalhado muito mais.
Chegou a ser treinado pelo seu pai?
-Sim, antes e depois de ir para o Sporting. Era uma pressão muito maior (risos), de alguma forma ele exigia mais de mim e eu, como não tinha a maturidade suficiente para entender, às vezes não sabia distinguir e olhava para ele como pai e não como treinador. Mas para mim foi o melhor treinador que já tive.
Sempre quis ser jogador? Tinha algum plano B?
-Nunca tive um plano B. Há outros trabalhos que se calhar gostava de fazer, como ser bombeiro, ajudar pessoas na linha da frente, salvar vidas. Mas sempre houve uma luz ao fundo do túnel que me fez nunca desistir e continuar a lutar, acreditando que o trabalho ia trazer frutos.
Até onde se vê a chegar? Que objetivos tem para o resto da carreira?
-O meu objetivo sempre foi jogar a Liga dos Campeões, e surpreendentemente para mim será aos 25 anos! Daqui para a frente o céu é o limite. Se calhar há quatro anos não me imaginava aqui, então porque não acreditar que estarei num dos melhores campeonatos do mundo? Sou louco pelo campeonato inglês, tem outra vibração, outra cor.
Tubarões Azuis são capítulo adiado
Leandro foi internacional em sete ocasiões por Cabo Verde, mas fez uma pausa na seleção
Em 2022, Leandro Andrade recebeu um convite para representar a seleção de Cabo Verde, devido a herança familiar. Participou em sete jogos pelos tubarões azuis, entre os quais os dois primeiros no apuramento para o Mundial"2026 - onde se preparam para estar presentes de forma inédita -, mas entretanto não mais voltou a ser chamado. "Foi uma decisão minha, um conjunto de vários motivos. Nunca são viagens fáceis e prejudicava-me bastante, cada vez que ia à seleção falhava sempre o primeiro jogo seguinte do clube, e tirava-me muito tempo de descanso. E entretanto também tive os meus dois filhos, e queria passar mais tempo em casa", confidencia. A decisão, porém, não é definitiva: "Nunca se sabe o dia de amanhã".