Laboratório sem o "génio": análise aos golos de Benfica e Sporting antes do dérbi
Sporting vai à Luz com menos tentos do que o Benfica mas supera o rival nas bolas paradas. Mas, agora, não tem Coates.
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A perda de Sebastián Coates para o dérbi de hoje na Luz, devido à covid-19, deixou a equipa de Rúben Amorim amputada do seu elemento mais fulcral nas bolas paradas, um dos armamentos mais pesados que os leões têm apresentado ao longo do campeonato.
Dos 19 golos marcados pelo Sporting na Liga, quase metade, oito, nasceram de lances de bola parada, mais precisamente 42,1 por cento. Uma percentagem muito superior à da equipa treinada por Jorge Jesus que dos 34 golos que leva no campeonato alcançou apenas cinco de bola parada, ou seja 14,7 por cento do total da equipa. E, mesmo excluindo desta equação as grandes penalidades, o Sporting continua por cima do Benfica, com 31,6 por cento de golos em bolas paradas contra 11,8 do rival que revela outras artes e engenhos para chegar ao golo.
Coates, hoje em casa de forma forçada, deixou forte marca nos lances de laboratório, tendo marcado dois golos em jogadas derivadas de cantos com remates que valeram triunfos ante Moreirense e V. Guimarães (ambos por 1-0) e feito uma assistência para Palhinha no 1-1 com o Famalicão. O médio, recorde-se, também é baixa para o dérbi, mas devido a lesão.
Mas da análise de todos os golos apontados por Benfica e Sporting nas 12 jornadas que disputaram na presente liga portuguesa não sobressai apenas a superioridade leonina em jogadas ensaiadas. Nas finalizações pelo ar, há também mais leão do que águia. Seis golos dos verde e brancos foram de cabeça, o que representa 31,6 por cento do total dos golos, contra apenas 17,7 por cento do Benfica, que se afirma perante o rival nas finalizações com os pés, sejam o direito ou o esquerdo.
A eficácia, esse "monstro" que (quase) tudo explica
Quantidade não é prova de qualidade mas as estatísticas, neste caso particular dos golos de Benfica e Sporting, têm uma resposta no sentido de ambas estarem alinhadas. A equipa mais eficaz das duas é o Benfica, que faturou os seus 34 golos com 168 remates tentados, o que vale uma eficácia de 20,2 por cento. O Sporting, com 163 disparos para 19 tentos, fica-se pelos 11,7 por cento de eficácia, um valor até abaixo do outro grande que está no topo da classificação: a eficácia do FC Porto vai aos 15,9 por cento. Aliás, deste trio de candidatos ao título de campeão, é o Sporting quem menos marca, ficando não só atrás dos já referidos 34 golos do Benfica mas também dos 30 dos dragões. Nesta questão da quantidade, ressalve-se, que os encarnados beneficiam dos sete golos marcados numa primeira parte ante um Belenenses que, na última jornada, alinhou com nove atletas.
Cruzamentos fazem mossa e têm de entrar no menu
Voltando apenas aos protagonistas do dérbi de hoje no Estádio da Luz, defrontar-se-ão a melhor defesa (Sporting, com quatro golos consentidos) e o melhor ataque (Benfica, com 34 tentos). E tanto num capítulo como no outro, há uma ação que pode determinar o vencedor: a capacidade de cruzar bem. Águias e leões têm nessa arte outra arma de peso para destruir o lado contrário, com ligeira vantagem para o Sporting: olhando para os 11 tentos apontados em jogadas de lance de bola corrida, seis deles, 54,5 por cento, foram alcançados após cruzamentos. Já pelo Benfica, o registo também é positivo, com 14 dos 29 tentos em bolas corridas a surgirem nesse tipo de passe, o equivalente a 48,3 por cento das situações concretizadas nas redes contrárias. Em jogadas de ataque organizado culminadas com golo, sai-se melhor a equipa de Jorge Jesus, com 22 lances terminados na baliza adversária, batendo os oito da formação leonina.
Mais águia na primeira parte
O Benfica apresenta-se hoje frente ao Sporting com 34 golos marcados, sendo que a maioria dos mesmos, 20, aconteceram nas primeiras partes, registo que supera quase no triplo os sete tentos leoninos em igual período. Aqui, o pecúlio encarnado acaba por estar inflacionado pelo 7-0 aplicado no meio jogo feito com o Belenenses, equipa com apenas nove em campo. Mas, mesmo que excluíssemos esse golos, as águias continuariam a ter marcado o dobro do rival (14) nesses primeiros quinze minutos das partidas. Foi nas segundas partes que o Sporting mais marcou, assinando aí 63,2 por cento do tentos totais (12), ainda assim menos dois que o total das águias (14), que só representam 41,2 % da equipa.
Se dividirmos a partida em quartos de hora, surgem alerta para Rúben Amorim e para Jorge Jesus. No caso do Benfica, há um "momento quente" entre os 31 e 45 minutos, onde as águias marcaram onze golos. Outro período forte das águias tem sido o arranque das partidas, onde somam seis tentos. Do lado leonino, a fase mais efetiva é logo no início... da segunda parte. Aí, o Sporting apontou seis golos, metade de todos os que fez após os intervalos.