Avançado português é uma das figuras do primeiro adversário dos leões na Champions e garante muita ambição para o jogo de quinta-feira, à noite, em Alvalade. O goleador luso ressalva o carácter competitivo do campeão do Cazaquistão e faz mira à dupla de centrais formada por Debast e Gonçalo Inácio.
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O Sporting entra em ação nesta edição da Liga dos Campeões perante um adversário que se estreia na competição e com a motivação no topo, depois de ter passado por quatro eliminatórias, e imediatamente a seguir a isolar-se na liderança da liga do Cazaquistão. O avançado Jorginho, um dos dois portugueses do plantel (o outro é o lateral-esquerdo Luís Mata), deixa o aviso: o Kairat não vai ser pêra doce para os leões.
Quais as sensações para a visita a Alvalade? Que Sporting esperam encontrar?
-É a primeira vez que participamos numa competição desta dimensão, mas podem ter a certeza que não vamos para participar numa festa, nem como se fôssemos de férias. Vamos com ambição, à procura da nossa sorte: se pudermos ganhar, não nos vamos dar por contentes com um empate. Temos algumas dúvidas em relação a certos jogadores, pode haver algumas mudanças, como se joga o Catamo ou o Quenda, por exemplo. Mas esperamos um Sporting muito pressionante, muito forte na reação à perda, a jogar um futebol muito apoiado. Os centrais gostam de pôr a bola nos avançados, os extremos apostam no 1x1 para cima do lateral... Sabemos que vai ser muito difícil, jogue quem jogar.
E o Sporting, o que pode esperar do Kairat? Chegam com o moral no topo, depois de se isolarem na liderança do campeonato?
-Esse fator não pode fazer a diferença, a motivação tem de estar sempre no topo: quando se ganha, é para continuar a ganhar; quando se perde, é para dar a volta à situação. De nós, o Sporting pode esperar uma equipa muito competitiva, forte nos duelos e que nunca desiste.
Ao longo desta caminhada, têm sentido alguma sobranceria das equipas mais cotadas, fruto talvez de algum desconhecimento do futebol do Cazaquistão?
-Muito sinceramente, não. Talvez tenha acontecido um pouco com o Olimpija, logo na primeira eliminatória, mas a partir daí sentimos sempre que nos respeitaram muito, principalmente o Celtic, o que até é curioso. E acho mesmo que tem de ser assim, depois do percurso que temos feito. Eu entendo que os adeptos possam pensar que somos uma equipa mais fraca, por esse desconhecimento, mas acho que só tem esse tipo de abordagem quem não anda no futebol; quem anda, sabe que qualquer equipa que esteja na Liga dos Campeões tem qualidade e não pode ser desvalorizada.
Afastaram Olimpija, KuPS, Slovan Bratislava e Celtic e estão pela primeira vez na fase regular. Até onde se vêem a chegar na competição?
-Para já, vemo-nos a chegar a Alvalade (risos)! Nós vivemos um dia de cada vez. Não vamos estar a sonhar demasiado alto, vamos pensar jogo a jogo e ver até onde é possível ir.
Foi decisivo no apuramento com o Slovan. Já se vê a decidir também o jogo em Alvalade?
-Na minha cabeça, eu vou decidir todos os jogos (risos)! Um avançado pensa sempre assim. Mas não sou esse tipo de jogador, não procuro ser a estrela ou a figura. Claro que gostava que isso acontecesse, como gostei de decidir o jogo com o Okzhetpes num sintético [vitória por 1-0, no campeonato], logo a seguir a eliminarmos o Celtic. Desde que a equipa ganhe, pode marcar qualquer jogador. Aliás, eu ainda nem sei se vou jogar!
Em teoria, vai enfrentar o Gonçalo Inácio e o Debast. Quais os pontos fortes dessa dupla e o que vai tentar explorar?
-Têm ambos muita qualidade na saída, são bons no passe, e não têm problemas em tentar driblar os avançados. Parece-me que não são muito rápidos e muito fortes a atacar a profundidade, e às vezes, fruto dessa capacidade na saída de bola, abrem uma distância entre eles e deixam espaços que podem ser explorados.
Sonho do pai fica cumprido mesmo que o leão tropece
Quando o sorteio ditou o Sporting como adversário do Kairat, e logo em Alvalade, Jorginho viu no horizonte a possibilidade de cumprir o sonho do pai: ver o filho jogar no estádio do clube do coração de ambos. Amanhã, porém, não vai haver lugar a dúvidas sobre o lado para o qual torcer. "Nem pensar! Ele quer sempre que o filho ganhe, claro!", dispara Jorginho. O avançado luso, por seu lado, assume acreditar que vai haver um "friozinho na barriga" nos primeiros segundos na entrada para o aquecimento, e imediatamente antes do apito inicial. "Já aconteceu com o Celtic, por exemplo. Mas assim que o jogo começar, para mim é um jogo como outro qualquer. Sou sportinguista, já assumi publicamente e não vale a pena negar, mas acima de tudo sou profissional", sentencia.