Como treinador, Jorge Costa não se vê a voltar ao FC Porto, até porque o comando está muito bem entregue a Sérgio Conceição. Mas ser do FC Porto pode ser um problema, já foi um problema...
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Sérgio Conceição é um antigo jogador do clube. Não se vê um dia a treinar o FC Porto?
-Honestamente, não. A minha carreira levou-me para outros lados. Muita gente me faz essa pergunta. Acho que temos de ter humildade de perceber isso.
Porquê? Acha que os adeptos do FC Porto não gostam de si, que não iam gostar de o ver nesse papel?
-Claro que as pessoas do Porto gostam de mim, sinto esse carinho e sinto um enorme orgulho por ter o meu passado ligado ao FC Porto. Não escondi, não escondo e nunca esconderei, até porque é impossível, que o meu clube do coração é o FC Porto. Mas isso também me prejudica. Uma vez dei comigo a pensar que há pessoas que não conseguem despir-me a camisola. Quando trabalhas em Braga, Faro, em Olhão, em Coimbra, em Arouca, em Paços, só para falar nos sítios onde já trabalhei em Portugal, não me conseguem despir a camisola do FC Porto, não conseguem perceber que ali está uma pessoa que será para sempre um símbolo do FC Porto, até porque estou no museu, mas também e principalmente um profissional. Em Portugal ainda se confunde muito as paixões com o profissionalismo, ainda se confunde muito a telepatia coma tia do Pelé... É quase uma falta de respeito porque quase põem em causa o meu profissionalismo.
Está a dizer-me que já foi prejudicado pela sua ligação ao FC Porto?
-Não tenho dúvidas nenhumas. As pessoas continuam a olhar para mim como um jogador do FC Porto. Há clubes que são condicionados nas redes sociais pela ignorância de alguns adeptos. Só para lhe dar um exemplo. Estive no Farense, fui cem por cento do Farense. Fui ao Dragão e perdi, mas se tivesse ganho era o homem mais feliz do mundo. Isso para mim nem é uma questão. Há muita gente que tem pensamentos redutores.
Mas acredita que se um dia voltasse ao FC Porto seria bem recebido?
-Não tenho dúvidas nenhumas, porque as pessoas têm memória e têm coração. Nesta ou noutras funções, acredito que iria ser bem recebido. Mas, como disse, a minha carreira foi noutro sentido. Sou profissional de futebol.