Pelo segundo dia consecutivo, capitães de equipas da I e da II Liga e o presidente do Sindicato dos Jogadores reuniram com as entidades que tutelam a modalidade para reclamar medidas que os defendam do ambiente de suspeição que se instalou no futebol nacional.
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Os capitães de equipas da I e II ligas portuguesas mostraram-se, esta terça-feira, "indignados" com o clima de suspeição que se vive no futebol nacional e admitiram que os "interesses envolvidos" estão a condicionar os futebolistas.
Depois da reunião que teve lugar na véspera, na sede da Liga, o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) promoveu novo encontro, agora com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), para apresentar medidas que visam terminar com o clima instalado.
Os capitães de todas as equipas profissionais estiveram representados na FPF por André Almeida (Benfica), Edinho (Vitória de Setúbal), Gonçalo Brandão (Estoril), Tiago Caeiro (Belenenses) e Fernando Alexandre (Académica), que, também esta terça-feira, vão reunir-se com a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto.
"Sentimo-nos indignados, porque este clima de suspeição não é bom e afeta-nos a nós, no nosso rendimento, e às nossas famílias. Temos casos graves e tínhamos de tomar uma medida. Isto é um espetáculo e nós somos os intervenientes máximos. Temos de tomar uma posição", afirmou Edinho, no final da reunião que teve lugar na Cidade do Futebol, em Oeiras.
O avançado do Vitória de Setúbal, que na próxima jornada vai defrontar o Benfica, admitiu mesmo que este "clima de suspeição" tira algum 'brilho' aos jogos com os grandes e que "tudo é posto em causa".
Por seu lado, o capitão da Académica, da II Liga, Fernando Alexandre, referiu que os futebolistas estão "preocupados" e que este é "um problema demasiado grave para deixar passar em claro".
"Afeta-nos a todos, afeta o espetáculo, o rendimento e todos saímos prejudicados. O espetáculo depende disto e nós, como jogadores e agentes principais, temos de marcar uma posição e dizer o que sentimos. Sentimos alguma frustração, sentimo-nos condicionados. Hoje, há nervosismo a mais quando defrontamos os grandes, há condicionamento", vincou.
Apesar de não querer adiantar as medidas que foram apresentadas à FPF, o médio dos 'estudantes' foi perentório na hora de apontar o que está na origem deste clima de suspeição.
"Quem contribui para isto é quem fala, quem tem exposição e a quem é dada a palavra. Há muitos interesses envolvidos, mas a seu tempo as coisas serão faladas", disse.
Tal como na véspera, depois da reunião com a Liga de clubes, o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, afirmou que as medidas propostas serão apresentadas "em tempo oportuno" e que é importante "os jogadores terem tranquilidade até final da época, para desenvolverem o seu trabalho e estarem focados no que verdadeiramente é importante".
"Não sou hipócrita nem ingénuo e acho que este clima que está instalado no futebol português se vai agravar até final da época, e os jogadores vão sentir esse clima. Se não houver um compromisso por parte de todos os agentes, dificilmente o clima vai mudar", concluiu.
Na segunda-feira, sete capitães de clubes do norte que militam na I e II ligas - Tarantini (Rio Ave), Wilson Eduardo (Braga), Nélson Lenho (Aves), Ricardo (Paços de Ferreira), Henrique (Boavista), Bruno China (Leixões) e Luís Dias (Penafiel) - foram recebidos pelo presidente da Liga, Pedro Proença.