ENTREVISTA - Na presidência do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, desde 2005, Joaquim Evangelista quer dar "continuidade" aos muitos projetos que conferiram "credibilidade" ao organismo.
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Apesar de ter "obra feita", Joaquim Evangelista considera que ainda há muito para fazer em prol dos jogadores, por isso avançou para a recandidatura que terá a concorrência de Ibrahim Cassamá.
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Por que razão avançou para o quinto mandato?
-Achámos que este momento é, particularmente, difícil, porque o futebol e o desporto estão ameaçados estruturalmente. Entendemos que somos uma organização credível e reconhecida. E também tem muito a ver com o que representa a outra lista. Queremos afirmar que as pessoas que estão na nossa lista fazem a diferença relativamente às da outra lista. Este momento não é para movimentos que emergem de forma estranha e queremos dar continuidade ao trabalho feito e garantindo que os mais qualificados e competentes podem assegurar a continuidade do Sindicato.
Refere-se à a candidatura de Ibrahim Cassamá?
-Tem a legitimidade total, nunca impedimos ninguém de se candidatar, até achamos louvável. Os jogadores acharam que o nosso projeto era credível e a nossa equipa merecia respeito, por isso entenderam que não deveriam concorrer às eleições, porque acharam que o projeto fazia sentido para todos. O que eu estranho, e devia suscitar essa estranheza aos agentes desportivos e à comunicação social, é a oportunidade desta candidatura. Porque emerge de uma pandemia?
Considera estranho o timing?
-Acho... Esta candidatura surge na sequência do movimento para a vida, é solidário, neste ponto estamos todos de acordo. Mas é esse movimento que serve de base à candidatura. Se formos ver, este não é apenas o movimento dos jogadores. Esta candidatura não pode branquear quem a suporta. Não basta dizer que é de jogadores para jogadores, temos de ir ver se são esses jogadores que apoiam a candidatura ou não. Quem suporta esta candidatura não são os jogadores.
"Este momento não é para movimentos que emergem de forma estranha"
Concretize...
-Estou a dizer o que acho e não tenho a função de polícia. Sou muito claro em relação à minha candidatura, tenho 16 anos de futebol, portanto, estou muito à vontade, porque fui sempre escrutinado e frontal, e tive uma voz independente. E o sindicato nunca esteve dependente de outros interesses. É importante perceber por que esta candidatura emerge por pessoas de quem não conheço uma ideia sobre o futebol, nem intervenção política ao outro candidato. Há uma consciência de classe que não reconheço à outra lista e que existe na nossa.
DESPORTO PRECISA DE APOIOS
A que ameaças estruturais se refere?
- Pandémica e económica. O desporto não foi contemplado pela "bazuca" europeia e as federações tomaram uma posição. Nós temos de garantir que os melhores e os mais capacitados, através do diálogo, possam assegurar para o desporto o que os Governos não querem dar. Aqueles que fazem a diferença têm de estar, pois podem apresentar soluções e propostas.
A sua candidatura, pela sua experiência, pode fazer essa diferença?
-Na pandemia, fomos das poucas organizações de desporto a fazer a diferença, com um plano de emergência reforçado. O Sindicato disponibiliza, a fundo perdido, 250 mil a 750 mil euros, para fazer face a situações de carência de jogadores. Apresentámos um plano de saúde mental, ao criar uma rede nacional de psicólogos. E apostámos também na educação, com cursos online para que os jogadores se possam capacitar neste período, para quando voltar a normalidade, essas competências façam a diferença.