ENTREVISTA - João Carvalho ssinou até 2027 pelo Estoril. Antes desta mudança para a Amoreira, representara outros cinco clubes: Benfica, V. Setúbal, Nottingham Forest, Almería e Olympiacos
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João Carvalho tem sido uma das figuras do Estoril esta época. O médio, de 27 anos, já apontou dois golos e levou para casa quatro prémios de melhor em campo. A O JOGO, o jogador formado no Benfica confessa estar a viver um dos melhores momentos em termos pessoais e profissionais.
Depois de ter terminado o contrato com o Olympiacos, o que o fez assinar pelo Estoril?
-Sinto um carinho especial pelo Estoril, que me deu a mão há dois anos para, então, poder afirmar-me. Mas, na passagem por empréstimo, não adorei a época que fiz, apesar de até considerar que estive bem na maioria dos jogos. Na altura, não vim com a mentalidade correta.
Por que razão considera que não veio com a mentalidade correta?
-Vinha com muita fome de triunfar, mas senti que não tinha a maturidade certa. Era um grupo jovem, no qual eu era dos mais velhos, e tentei ajudar ao máximo os meus colegas, sem pensar muito em mim. Sinto que fiquei a dever algo ao Estoril e agora estou a retribuir a aposta que fizeram em mim.
Esta época, já foi considerado o melhor em campo em quatro jogos. Sente que está num dos melhores momentos da carreira?
-Está a ser uma época em que me estou a sentir melhor, talvez fruto da maturidade que ganhei nos últimos anos. Passei por sítios onde tive obstáculos difíceis de ultrapassar e isso tornou-me mais forte. Sinto que estou num dos melhores momentos da minha vida, quer a nível profissional, quer pessoal. Isso reflete-se em campo.
Tem atuado várias vezes como ala. Sente-se confortável nessa posição?
-Consigo ser um vagabundo em campo e o treinador [Ian Cathro] dá-me essa liberdade. Sempre fui médio, mas já joguei a extremo várias vezes, por dentro. É isso que procuro fazer nesta posição: tentar desequilibrar um pouco. Os adversários montam o seu plano e eu, com a minha capacidade e inteligência, procuro os espaços que as equipas podem deixar. Por isso é que me considero um vagabundo, porque procuro criar superioridade numérica onde acho que a equipa pode ganhar com isso.
O Estoril é 11.º na I Liga, com 14 pontos. Que análise faz da campanha da equipa até agora?
-Houve jogos em que podíamos ter conseguido outros resultados, como nos casos de Farense e Aves SAD. E fomos eliminados da Taça pelo Lusitano de Évora, um jogo ao lado da nossa equipa, numa fase em que estávamos com falta de confiança. Agora, sinto a equipa a crescer e os resultados estão a aparecer.
Já jogou em Inglaterra, Espanha e Grécia. Aos 27 anos, ambiciona voltar a esses países ou experimentar outros?
-Quando era mais jovem, pensava em jogar em outros campeonatos; agora, já nem tento. Tenho a ambição de ser melhor todos os dias e nesta altura apenas estou focado no Estoril. Estou muito feliz e a atravessar um dos melhores momentos da minha vida graças à consistência que tenho tido.
“Ian Cathro? Se solta o ‘escocês’ é mau sinal ...”
Ian Cathro é o treinador de João Carvalho esta época. O médio está a gostar da experiência com o escocês, que “tem pouco do estilo britânico”. “Não acho que seja parecido com outros britânicos com quem trabalhei no Nottingham Forest, como o Martin O’Neill ou o Roy Keane. O míster Ian gosta que a equipa seja intensa, agressiva e ofensiva”, observa, confidenciando algo curioso sobre a comunicação com os jogadores. “Por vezes, Ian Cathro solta o sotaque escocês. Quando isso acontece, é mau sinal: quer dizer que não estamos a fazer as coisas bem”.