Jesus para dar um "choque" no Benfica: "Se antes o FC Porto ganhou muitos títulos..."
Antigos atletas das águias e do mengão, Toni e Júnior passaram para a bancada e destacam a O JOGO as principais mudanças nos seus clubes, apontando o bom futebol, as vitórias e a valorização dos atletas.
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À beira de encerrar 2019/20 sem a revalidação do título de campeão, muito perto de ser garantido pelo FC Porto, Luís Filipe Vieira aponta ao regresso de Jorge Jesus à Luz.
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Depois da saída de Bruno Lage devido aos maus resultados, o dirigente encara o técnico português como um trunfo eleitoral, razão pela qual pretende contar com Jesus até 2024, período equivalente ao próximo mandato presidencial. Vieira pretende nova afirmação nacional e um ressurgimento europeu, contando com o treinador de 65 anos, a quem promete um forte investimento na equipa, para revitalizar o futebol do Benfica, ele que teve um forte impacto quer nos encarnados quer no Flamengo, para o qual se mudou há um ano. Toni e Júnior, ex-jogadores e agora adeptos das águias e do mengão, reconhecem a O JOGO a influência que o técnico teve nos respetivos clubes aquando da sua chegada, sendo que Toni fala mesmo de "um antes e depois de Jesus quer no Benfica quer no Flamengo" nomeadamente no que diz respeito ao espetáculo. "Tal como fez agora no Brasil, Jorge Jesus melhorou substancialmente o futebol do Benfica".
"É verdade que dispôs de jogadores como Aimar, Cardozo, David Luiz, Javi García, Matic, Di María, Luisão ou Oblak, entre outros, mas se alguns já tinham lastro outros viram a sua qualidade potenciada pelo treinador, fruto do seu nível de treino e conhecimento do jogo", ressalva Toni, visão partilhada por Júnior, que aponta o facto de o futebol praticado pelo Flamengo ter reaproximado a equipa dos fãs. "O nível do jogo da equipa levou ao retorno dos adeptos aos estádios, com uma média de 60 mil, algo que há muito tempo não acontecia", diz o antigo defesa. "Antes havia muitos céticos, mesmo com a equipa a ganhar alguns títulos, mas a equipa jogou muito bem e conquistou os adeptos, até os de outros clubes, que querem ver as suas equipas a jogarem assim", afirma, lembrando que a sua geração - fez parte do plantel que conquistara a última Taça Libertadores para o clube carioca, em 1981 - "acostumou mal os fãs". "Muitos só agora voltaram porque se identificaram com o futebol do Flamengo de Jorge Jesus", analisa, enquanto Toni considera que "a grande marca de Jesus no Benfica foi a qualidade de jogo".
Técnico já mudou no passado Benfica e Flamengo e é agora desejo de Vieira para nova "obra"
Júnior sublinha, contudo, que "não se trata só de jogar bem, mas de conquistar títulos" - pelo mengão o técnico luso já venceu quatro troféus. "Ganhou vários e um deles bem importante, como a Libertadores. E no campeonato voou baixinho, bem à frente dos concorrentes", defende, acreditando, por isso, que "independentemente de ele sair agora ou mais tarde, o seu legado vai ficar, pela mudança que aconteceu". Toni, por seu lado, afirma que Jesus, "com a capacidade de liderança, que já tinha demonstrado no seu passado, e bons jogadores venceu troféus e chegou a duas finais da Liga Europa, contando com o apoio dos adeptos". E reforça: "Se antes o FC Porto ganhou muitos títulos, a partir de Jorge Jesus o Benfica voltou a ganhar também e na última década houve um equilíbrio."
Toni não coloca a responsabilidade total de Jesus na transformação do Benfica, sublinhando que "o clube, depois de uma fase de saneamento financeiro, estava a fazer uma forte aposta na vertente desportiva". "Por isso, Jesus teve condições, que ajudou também depois a melhorar, para poder ganhar", frisa, numa visão que também Júnior tem quanto ao Flamengo. "Ele foi a cereja na torta, numa torta que estava já toda bonita. Foi lá e colocou a cereja, pela sua competência e qualidade, o que deu sucesso, apesar de surpreender pela rapidez. O Flamengo tinha um projeto, já tinha passado por anos de sofrimento, e contratou-o para encaixar nesses objetivos maiores do clube. Agora há uma estrutura que não havia antes", salienta.
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Perante um sucesso tão rápido no Brasil, Júnior afirma mesmo que "a mentalidade e filosofia de Jesus vai ser copiada pelos treinadores mais jovens". "Vai servir de exemplo. Quem ganha é sempre copiado, ele ganhou e vai ser copiado, assim como quem ganha um Mundial é copiado", agrega, frisando que "até a seleção do Brasil e Tite foram questionados". "Os brasileiros perguntam por que razão não joga assim a seleção", atira.
Destacando a "qualidade dos jogadores" que Jesus dispôs na Luz, Toni realça que o técnico "soube potenciar" esses atletas ao serviço das águias, tal como fez agora no Brasil: "Veja-se o que sucedeu com o Arão, que era o patinho feio da equipa." Com conhecimento de causa sobre o mengão, Júnior refere que Jesus "transformou principalmente os mais jovens". "Alguns já estavam acostumados à mentalidade europeia, mas os que jogavam só no Brasil absorveram as suas ideias e subiram de nível", considera.