Mário jardel Avançado que brilhou nos leões no início do século destaca a qualidade do jogo aéreo do defesa uruguaio e deixa também alguns conselhos para Paulinho ultrapassar a crise.<br/>
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Um espectador especial marcou presença nas bancadas de Alvalade para assistir ao Sporting-Moreirense de sábado à noite: Mário Jardel, um dos melhores cabeceadores que já passaram pelo futebol português, que até encontrou motivos para se identificar com Coates, o uruguaio que garantiu os três pontos aos leões, um central a voar entre centrais, num remate de cabeça tão imponente como certeiro, à moda de Super Mário.
"Encontrei algumas semelhanças do Coates comigo. Ele tem o tempo de salto certo e, por outro lado, direciona muito bem a bola", disse Jardel a O JOGO, sobre o defesa que até ao momento é o jogador mais eficaz do plantel (três golos em 9 remates e uma eficácia de 33,3%), conforme pode ler-se no quadro em anexo.
Ao mesmo tempo, com aquele que foi o seu 26.º tento de emblema leonino ao peito, passou a ser o segundo defesa-central da história do clube com mais golos, depois de Lúcio, que somou mais nove (35) no total.
Quanto a Jardel, dos 67 golos em 63 partidas nos leões (entre 2001 e 2003),muitos foram também de cabeça, frequentemente com o "pai" João Vieira Pinto na assistência, a ponto de se tornar numa das principais imagens de marca da equipa. "É uma arma que o Sporting também tinha no meu tempo. Uma arma que está a ser bem explorada e aproveitada novamente", considerou, recusando-se a dar grandes explicações sobre o dom que tinha de estar onde era preciso para cabecear. "Explicações?", questionou, soltando um riso irónico em seguida. "Não tem explicação. As pessoas diziam que conseguiam parar-me, mas a verdade é que ninguém conseguia", exclama, lá soltando depois uma frase que ajuda a perceber melhor o que conseguia fazer: "Estar no sítio certo no momento exato."
E de Coates se passou a Paulinho, o ponta de lança que vive crise de confiança e que, em contraponto ao uruguaio, é o menos eficaz de entre todos os marcadores de golos desta época nos verdes e brancos (três golos em 34 remate e eficácia de 8,8%). Para Jardel a receita só pode ser uma. "O principal conselho que poderia dar ao Paulinho é que precisa de estar mais concentrado. Quando tem uma oportunidade no jogo tem que estar concentrado para marcar. Mais concentração e mais treino de finalização é aquilo que, na minha opinião, o Paulinho mais precisa", começou por explicar, acrescentando, ainda sob prisma semelhante: "O problema tem a ver com o treino. É preciso repetição, repetição e mais repetição. Só assim ele pode ficar mais confiante e ter mais acerto na finalização. Era assim que eu fazia e comigo resultava bem." Aliás, Jardel está até disponível para ensinar a sua arte em Portugal. "Tenho vontade de voltar e gostava de ser treinador de avançados. É uma questão que até já foi conversada, mas não posso falar em nomes de clubes. O que posso dizer é que gostaria muito de voltar ao futebol português, nessas funções ou como embaixador de um grande clube. Dei muito ao futebol português e gostava de trabalhar aqui, até para poder estar perto dos meus filhos, que continuam a viver cá", solicita, dando desde logo uma ideia do que podia fazer no atual plantel leonino: "Com o Paulinho, por exemplo, podia fazer alguns ajustes. Ele poderia aprender comigo ao lado."