
Sporting's Uruguayan defender Sebastian Coates heads the ball during the Portuguese League football match between Sporting CP and Moreirense FC at the Jose Alvalade stadium in Lisbon on October 23, 2021. (Photo by PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)
AFP
Mário jardel Avançado que brilhou nos leões no início do século destaca a qualidade do jogo aéreo do defesa uruguaio e deixa também alguns conselhos para Paulinho ultrapassar a crise.
Um espectador especial marcou presença nas bancadas de Alvalade para assistir ao Sporting-Moreirense de sábado à noite: Mário Jardel, um dos melhores cabeceadores que já passaram pelo futebol português, que até encontrou motivos para se identificar com Coates, o uruguaio que garantiu os três pontos aos leões, um central a voar entre centrais, num remate de cabeça tão imponente como certeiro, à moda de Super Mário.
"Encontrei algumas semelhanças do Coates comigo. Ele tem o tempo de salto certo e, por outro lado, direciona muito bem a bola", disse Jardel a O JOGO, sobre o defesa que até ao momento é o jogador mais eficaz do plantel (três golos em 9 remates e uma eficácia de 33,3%), conforme pode ler-se no quadro em anexo.
Ao mesmo tempo, com aquele que foi o seu 26.º tento de emblema leonino ao peito, passou a ser o segundo defesa-central da história do clube com mais golos, depois de Lúcio, que somou mais nove (35) no total.
Quanto a Jardel, dos 67 golos em 63 partidas nos leões (entre 2001 e 2003),muitos foram também de cabeça, frequentemente com o "pai" João Vieira Pinto na assistência, a ponto de se tornar numa das principais imagens de marca da equipa. "É uma arma que o Sporting também tinha no meu tempo. Uma arma que está a ser bem explorada e aproveitada novamente", considerou, recusando-se a dar grandes explicações sobre o dom que tinha de estar onde era preciso para cabecear. "Explicações?", questionou, soltando um riso irónico em seguida. "Não tem explicação. As pessoas diziam que conseguiam parar-me, mas a verdade é que ninguém conseguia", exclama, lá soltando depois uma frase que ajuda a perceber melhor o que conseguia fazer: "Estar no sítio certo no momento exato."
E de Coates se passou a Paulinho, o ponta de lança que vive crise de confiança e que, em contraponto ao uruguaio, é o menos eficaz de entre todos os marcadores de golos desta época nos verdes e brancos (três golos em 34 remate e eficácia de 8,8%). Para Jardel a receita só pode ser uma. "O principal conselho que poderia dar ao Paulinho é que precisa de estar mais concentrado. Quando tem uma oportunidade no jogo tem que estar concentrado para marcar. Mais concentração e mais treino de finalização é aquilo que, na minha opinião, o Paulinho mais precisa", começou por explicar, acrescentando, ainda sob prisma semelhante: "O problema tem a ver com o treino. É preciso repetição, repetição e mais repetição. Só assim ele pode ficar mais confiante e ter mais acerto na finalização. Era assim que eu fazia e comigo resultava bem." Aliás, Jardel está até disponível para ensinar a sua arte em Portugal. "Tenho vontade de voltar e gostava de ser treinador de avançados. É uma questão que até já foi conversada, mas não posso falar em nomes de clubes. O que posso dizer é que gostaria muito de voltar ao futebol português, nessas funções ou como embaixador de um grande clube. Dei muito ao futebol português e gostava de trabalhar aqui, até para poder estar perto dos meus filhos, que continuam a viver cá", solicita, dando desde logo uma ideia do que podia fazer no atual plantel leonino: "Com o Paulinho, por exemplo, podia fazer alguns ajustes. Ele poderia aprender comigo ao lado."
