Japonês de sangue russo brilha em Portugal: "Ninguém percebia a razão de estar cá"
Nazar Terpugov tem 16 anos e está a dar nas vistas no ataque casapiano graças a uma veia goleadora que impõe respeito: em 31 jogos, somou 30 golos
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Em Pina Manique, não é só a equipa principal do Casa Pia a causar furor. Nos juniores B, há um fenómeno para conhecer melhor: Nazar Terpugov. Em 30 partidas, não se contentou com a média de um golo por jogo, deixando assinatura nas balizas contrárias 31 vezes. A história enriquece o perfil, porque o nome é russo, por ser essa a origem dos pais, mas o avançado é japonês, tal como o irmão, Zakhar. O trabalho dos pais determinou esta exótica viragem geográfica e o sonho de Nazar, que está em Portugal há três anos, passa mesmo por chegar à seleção portuguesa, deixando de parte Rússia e Japão. Aos 16 anos, já tem muito para contar.
Filho de pais russos, Nazar nasceu no Japão e está há três anos em Portugal. O irmão, dois anos mais velho, também joga. Ronaldo é uma inspiração, mas, agora, o modelo da moda é Haaland.
"Agora, está cá a família toda. Nasci e cresci no Japão, com dois anos já jogava numa escolinha e aos 10 fui para o clube do Zico, o Kashima Antlers. Foram dois anos, seguiu-se a viagem para Portugal. Eu e o meu irmão, que jogava no V. Setúbal, e que é dois anos mais velho, acompanhámos o nosso pai, que viu uma oportunidade para trabalhar na venda de carro aqui e também queria que os filhos jogassem na Europa", relata Nazar, que começou no Anadia, tal como irmão Zakhar. "Portugal era o país ideal para começarmos. O projeto do meu pai era a Europa. Sinto muito as diferenças para o Japão, onde são muito tímidos e respeitadores no campo. Não batem, não há amarelos; é tudo demasiado calmo. Aqui, há fome de bola e agressividade. Gosto desta cultura futebolística", prossegue Nazar, que tem vincado no Casa Pia uma vocação goleadora demolidora, seguindo um inevitável ídolo.
"Se marquei dois quero três; se marquei três, quero quatro. É como o Haaland, preocupo-me em estar no sítio certo para encostar"
"Já sinto Portugal como minha casa. Gosto muito de Cristiano Ronaldo, jogo na mesma posição. Tento respeitar todos os dias a mentalidade dele, a sua forma e fome de marcar golos", partilha, definindo a sua mente em campo. "Como ponto forte, digo que batalho pela melhor posição os 90 minutos, nunca desisto de procurar marcar, e é por isso que vou tendo oportunidades para marcar em todos os jogos. Se marquei dois, quero três; se marquei três, quero quatro. É como o Haaland, preocupo-me em estar no sítio certo para encostar ao segundo poste", sustenta Nazar.
Meta: Nazar quer chegar aos 40 golos antes de dar o salto na carreira
"A época que estou a realizar é um prémio pelo trabalho feito. A forma de o demonstrar são os golos. Agradeço ao míster, que confiou muito em mim e ajuda-me sempre que não marco. O meu pai passa muitos ensinamentos. Não jogou, mas entende bastante de futebol", declara Nazar, dando conta do processo de adaptação perante alguma desconfiança das suas origens.
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"Quando cheguei, senti que não era muito respeitado por vir de longe, ninguém percebia a razão de estar em Portugal. Mas, agora, que trabalho muito e tenho grande rendimento, o relacionamento melhorou com toda a gente. Tenho colegas que me estão sempre a desafiar se vou marcar três ou quatro golos!", brinca o avançado, despachado a superar a barreira linguística.
"Não conhecia nada de Portugal, cheguei sem falar inglês sequer. Com o meu irmão falo japonês; com o meu pai, russo. Nos treinos, comecei por me expressar com as mãos, era mais linguagem gestual", resume.
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