Jaime Pacheco e o FC Porto-Sporting: "Alguns jogadores têm dor mínima e sentem como uma grávida"
Conhecimento mútuo é tão grande que o bom senso manda não inventar no jogo de sexta-feira. Jaime Pacheco até conta uma história curiosa.
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António Sousa, antigo jogador do FC Porto, do Sporting e da Seleção Nacional, é o protagonista da "história dos bons teimosos", que Jaime Pacheco nos contou quando O JOGO o contactou a propósito do FC Porto-Sporting de sexta-feira. "O Sousa era um fora de série, um dos melhores portugueses. Ele jogava a interior-esquerdo; como interior-direito, não jogava nada. Devia ser idêntico, mas não era", resumiu o agora treinador, que, como jogador, até passou pelas duas equipas que agora se defrontam. A história até parece não ter muito propósito, mas é metafórica e acaba por responder à pergunta que O JOGO lançou: depois de três clássicos anteriores, como é que Sérgio Conceição e Jorge Jesus se podem surpreender um ao outro? "Se um treinador quiser surpreender o outro, vai é criar surpresa no próprio grupo", afirma Jaime Pacheco. A "história dos bons teimosos" entra aqui. "Qualquer treinador pensa em fazer isto ou aquilo, mas depois pode fragilizar as próprias equipas. É uma dúvida que se cria, eu já a tive. Começamos a pensar em criar surpresa logo no início da semana, mas com o desenrolar do próprio treino, começamos a perceber que a equipa fica pior, que os jogadores se sentem desconfortáveis e perdidos com as alterações. A diferença dos jogadores passa pela capacidade técnica e tática, mas mais pela cabeça. E há jogadores que se mudarem um bocadinho, é complicado. É como a história do Sousa", revela. Assim se explica a falta de crença em alterações profundas por parte de dois treinadores tão experientes.
Três clássicos numa só época, um conhecimento de personalidades que vem de longe (Felgueiras, em 1994/95) e um sem-número de meios tecnológicos para conhecer o adversário de fio a pavio não antecipam grandes novidades para sexta-feira. Jaime Pacheco partilha da ideia de que possa haver alguma espécie de "mind games" com a questão dos lesionados, ainda que com a certeza de que "há casos pequeninos em que um dia a mais ou menos pode fazer diferença e que mesmo só no próprio dia se pode ter a certeza absoluta". Até porque "depende da cabeça", pois "alguns jogadores têm dor mínima e sentem como uma grávida, e a outros dói muito mas não sentem nada", completou com humor.