Pedro Proença: "Gostávamos que a linguagem fosse diferente, mas gosto de ver isto na ótica positiva"
Presidente da Liga comentou as recentes polémicas em redor da arbitragem a propósito da final four da Taça da Liga.
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Pedro Proença, presidente da Liga, marcou presença na mesa redonda Ética na Comunicação do Futebol Profissional, integrada no programa do FuteCOM, um ciclo de eventos a decorrer numa unidade hoteleira em Braga, aproveitando para deixar um comentário às recentes críticas tecidas à arbitragem na sequência das meias-finais da Taça da Liga.
"Já nada me entristece. Antes da Liga era árbitro e a convivência com a falta de racionalidade foi algo a que me habituei. Mal de nós se nos deixássemos levar por este processo comunicacional adotado nos últimos dois dias contra os quase 365 dias de trabalho. Fazemos do futebol uma festa, uma festa única. Gostávamos que a linguagem fosse diferente, mas gosto de perspetivar isto na ótica positiva. Há três anos, um jogo destes, da meia-final desta competição não punha nada em causa, agora põe e isso é sinal que a Liga está a fazer bem o seu trabalho. Esta competição hoje gera vontade de vitória, leva a que as pessoas tenham esta discussão irracional, que algumas vezes ultrapassa as formas de comunicar de que gostaríamos de ver em alguns autores. Olhamos pelo lado positivo", assinalou Pedro Proença, destacando o desenvolvimento da competição e a vontade de tratar o futebol como uma indústria:
"Uma competição que teve de ser vendida a sinal fechado, mas cuja final vai ser transmitida em sinal aberto. Trabalho feito de forma pensada e atingiu o objetivo. Não é este o caminho que queremos percorrer. No que toca à forma de comunicar, não estamos satisfeitos. Temos tentado incutir nos clubes, nas sociedades, aquilo que nos devia separar são os minutos de jogo, no resto devíamos estar unidos. Vamos continuar a trabalhar a fazer o nosso trabalho. O futebol tem de ser tratado como se de uma indústria se tratasse. Este plano ainda não é acompanhado por alguns. Indústria de emoções, mas temos patrocinadores, operadores, esta linguagem tem de ser rapidamente interiorizada. Se não, lá está, corremos o risco de perder a galinha dos ovos de ouro", afiançou o presidente da Liga, remetendo para as palavras de João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto. Logo depois, frisou que a arbitragem e a disciplina não são da responsabilidade do organismo que preside.
"O modelo que hoje temos é extremamente apetecível. Não vamos abdicar de todo um modelo em que nós acreditamos, não pode ser posto em causa porque alguém, em determinada altura, passou linhas que não devem ser ultrapassadas. Arbitragem e disciplina não são da responsabilidade da Liga. Bendita a altura em que se tomou a decisão de introduzir o videoárbitro, mas a forma como é gerido esse sector nada tem a ver com a Liga. Confundem-se aspetos que não podem ser confundidos. Há pessoas que não têm noção que há poucas marcas que podemos internacionalizar. O futebol é uma delas. A marca Cristiano Ronaldo, que começou cá, é de um valor inestimável, temos de fazer a defesa da mesma. (...) Discussões em torno da arbitragem também acontecem porque a Liga não tem outros conteúdos para colocar no ar. Esta [Taça da Liga] é a competição, das três, em que a liga tem tudo centralizado", rematou Pedro Proença.