Chegou a Alvalade em 2013/14 pela porta dos juniores e por lá ficou até 2017. A hora de voltar ao "clube do coração" está próxima e o extremo clama por uma chance na pré-época para ficar.
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Foi no defeso de 2017 que Mama Baldé enfrentou a segunda cedência desde que, quatro anos antes, deixara a formação do Sintrense para ingressar nas escolas leoninas. O ala passou as últimas duas épocas emprestado ao Aves, onde se assumiu como indiscutível, principalmente em 2018/19.
Os dez golos marcados nesta temporada provam isso (marca superior à registada por qualquer outro extremo verde e branco) e Baldé diz-se pronto para um desafio que quer muito enfrentar e que lhe anda a provocar sonhos de como seria marcar um golo em Alvalade. Tudo num exclusivo a O JOGO.
Sente-se preparado para regressar ao Sporting?
- Sim, sinto-me preparado. Trabalhei muito para que pudesse voltar, visto que ainda tenho contrato até 2022 e ando a trabalhar para poder ser uma aposta.
Quando voltar a Alcochete, agora como possível atleta da equipa A, virão à memória as lembranças dos tempos de júnior?
- Claro, fui muito feliz nos juniores, fiz uma boa época e claro que o regresso trará recordações.
"Estou pronto para qualquer desafio. Acho que merecia uma oportunidade. Espero que seja agora. Ando a trabalhar para ser uma aposta. O tempo o dirá"
Augusto Inácio disse numa entrevista a O JOGO que o Baldé é um jogador rápido, mas que nas equipas grandes não há tanto espaço para correr. Já pensou nisso, acha que se ia enquadrar bem no Sporting?
- Estou pronto para qualquer desafio. Pode ser difícil encaixar, como até pode ser muito fácil. Depende do estilo de jogo das equipas. Agora, eu vejo-me a encaixar na equipa do Sporting.
Não lhe faz confusão que o possam conotar como um jogador típico de contra-ataque?
- Não, faço o meu trabalho para que seja bem visível e estou a trabalhar para ser uma aposta.
Já disse que não sabe, sequer, se vai fazer a pré-época. Julga que merecia essa oportunidade?
- Sim, acho que merecia uma oportunidade. Estou à espera dela e gostava muito de a ter. Espero que seja agora.
"Recusa aos sub-23? Só queria jogar e afirmar-me na I Liga, sabia que o ia conseguir"
Jovane, Raphinha, Diaby e Acuña: estes são os extremos do Sporting. Considera que o seu estilo se assemelha a algum destes jogadores ou poderia dar algo à equipa que ela não tem?
- Não me compete a mim dizer que sou melhor ou pior do que os outros. São todos bons jogadores, cada um tem o seu estilo e vai ao encontro do que o treinador pretende. Porém, eu acredito que posso acrescentar algumas coisas. O tempo o dirá.
Alguém do Sporting falou consigo nestes últimos dois anos a indicar que o estavam a acompanhar?
- Mandaram-me mensagens essencialmente de parabéns pelos jogos que tenho feito, mas nada de concreto. Costumo falar com alguns jogadores, às vezes com o Jovane, que é mais novo do que eu e somos amigos. Mas, de resto, não falo com ninguém que esteja lá agora.
Disse a Sousa Cintra que queria voltar para o Aves e que não queria estar nos sub-23. Acha que as pessoas compreenderam bem o pedido?
- Eu só queria jogar e ter a minha afirmação na I Liga, porque eu sabia que o ia conseguir.
"Já me imaginei muitas vezes a marcar um golo em Alvalade. Seria um sentimento único..."
O Sporting sempre foi o seu clube?
- Sim, todos lá em casa são do Sporting. Tenho um grande carinho pelo clube.
Já se imaginou a marcar um golo em Alvalade?
- Já me imaginei muitas vezes. Seria um sentimento único... [sorrisos]
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"Ir à CAN? Até posso abdicar das férias"
O autor de dez golos pelo Aves assume ser interpelado no Norte do país por adeptos do Sporting que o felicitam pelo rendimento que teve na temporada que acabou. Agora, olha em frente e admite não parar.
Sem descanso. É esse o sacrifício que Mama Baldé está disposto a fazer para se apresentar nos trabalhos de pré-época na Academia, depois de jogar pela Guiné-Bissau na CAN, que se disputa entre 21 de junho e 19 de julho, no Egito.
Está convocado para a CAN para representar a Guiné-Bissau, o que pode fazê-lo falhar o início da pré-época do Sporting. Isso pode prejudicá-lo?
- Estou a gostar da ideia de ir à CAN. Prejudicar? Pode... ou não. Eu vou estar em competição, não vou perder ritmo de jogo. Vou estar preparado e se for preciso até posso encurtar ou abdicar das férias.
Já foi abordado por adeptos do Sporting na Vila das Aves ou em Braga, onde mora, para lhe dizerem que dava jeito à equipa?
- Isso já aconteceu. São coisas de adeptos e acho que não causa muito impacto nas pessoas do Sporting ao ponto de elas poderem dizer que eu devia fazer a pré-época. Contudo, costumo encontrar pessoas que me dizem que estou a fazer uma boa época e são situações que me deixam muito feliz.
Recentemente, foi associado a um negócio como moeda de troca para o Sporting contratar o Paulinho do Braga...
- Não sei, ouço essas coisas, mas não ligo. Se viesse da parte do Sporting acreditava, mas por agora não sei de nada.
Agradava-lhe a hipótese Braga?
- O Braga é um bom clube, é onde eu moro e é uma boa cidade.
E o estrangeiro?
- Não me apareceu nenhuma proposta vinda do estrangeiro e não penso nisso.
Triunfo pelo Aves na final da Taça do ano passado recordado, assim como o ataque à Academia.
"Disse ao Gelson: "Puto, vamos ganhar"
A relação de amizade de Mama Baldé com Gelson Martins, que bateu no Jamor em 2017/18, em final de má memória para os leões suscitou trocas de palavras bem-humoradas, recordadas pelo extremo em entrevista a O JOGO.
Teve especial cuidado em festejar a conquista da Taça de Portugal contra o Sporting?
- Festejei com critério para não magoar ninguém. Estava contente com o grupo de trabalho, mas foi um festejo normal.
É um grande amigo do Gelson. Falou com ele antes e depois dessa final?
- Falei antes e até brinquei com ele disse-lhe: "Puto, sabes que nós vamos ganhar, não sabes?"
Gelson, Podence e Francisco Geraldes foram interpelados por Mama Baldé após invasão
Mas era um Gelson abatido com a invasão da Academia?
-Claro, estavam tristes com uma situação daquelas que ninguém estava à espera. Foi complicado... Quando vi aquilo pensei nos meus colegas, no pânico que eles pudessem ter tido porque foi algo que não podia ter acontecido.
Procurou falar com alguns deles?
- Mandei mensagem às pessoas com quem falava como o Gelson, o Podence, o Francisco Geraldes e outras pessoas a perguntar se estava tudo bem. Disseram-me que estavam bem e tranquilos.