Iván Jaime deixa água na boca: "Arrogante, no bom sentido, e ciente do que deve fazer"
Rui Pedro Silva traça o perfil do reforço que arrebatou adeptos na estreia.
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Lançado no minuto seguinte ao golo do Arouca para tentar evitar um despiste com proporções (ainda) mais graves para o FC Porto, Iván Jaime precisou de pouco menos de 30 minutos para reforçar a convicção de quem esperou impacientemente até ao fim do mercado para o ver chegar do Famalicão.
O espanhol arrebatou a plateia do Dragão com um conjunto de ações que agitaram o encontro, fazendo crescer água na boca aos adeptos à custa de uma coragem própria de quem não se esconde.
"O Iván é um jogador audaz, perspicaz, muitas vezes arrogante - no bom sentido -, seguro e ciente daquilo que pode e sabe fazer em campo. Isso ajuda na hora de marcar posição", explica a O JOGO Rui Pedro Silva, que contribuiu para o amadurecimento tático do extremo durante boa parte das últimas duas épocas, nos famalicenses.
"O Iván está no nosso campeonato há três temporadas e só precisa de se adaptar à realidade do FC Porto: à maior exigência diária, à crítica mais feroz após um erro... Há uma margem menor, mas uma pessoa só consegue crescer vivendo isso. É disso que o Iván vai precisar", explica o treinador.
A vertigem com que Jaime aborda cada jogada é uma característica muito difícil de contrariar para um adversário. No entanto, Rui Pedro Silva considera que "é importante, nos dias de hoje, os jogadores terem um momento de pausa, para conseguirem tomar uma decisão que ninguém espera". "As grandes características do Iván são a capacidade de drible curto, ter golo, ter momento de visão e acelerar o jogo. Mas acho que poderá faltar esse passo: controlar melhor o tempo de jogo, pausar para tomar uma decisão diferente", justifica o treinador, convencido que o espanhol "tem disponibilidade" para encaixar na "grande intensidade" do FC Porto no processo defensivo. "Os extremos fazem uma pressão interior que permite ao lateral ir buscar o lateral contrário e o central adversário oscilar sobre a posição de lateral. O extremo do FC Porto, muitas vezes, é considerado um médio. Não tenho dúvidas de que o Iván vai cumprir à risca com o que lhe é pedido", antecipa.
Desengane-se, porém, quem pensa que Iván Jaime será uma espécie de Otávio 2.0. O extremo já avisou que não chegou para fazer esquecer o "Baixinho" e Rui Pedro Silva sublinha que os dois não são comparáveis. "O Otávio representava muito para o FC Porto. Não só pelas qualidades futebolísticas, mas também pela própria liderança. Parece-me que o FC Porto vai substituí-lo através de diferentes jogadores. Não é correto tentarmos encontrar um gémeo desse jogador. Os jogadores têm as suas características e temos de respeitá-las", defende o técnico, antes de voltar às de Jaime. "O Iván tem características típicas do futebol espanhol. Joga como ala, mas também apresenta jogo interior, aparecendo muito dentro da área para finalizar. É o chamado "mediapunta", por ter essa capacidade de decisão entre linhas", explica, garantindo não ter "qualquer razão de queixa" do atleta como profissional. "Foi sempre muito dedicado nos treinos e sempre lhe disse que, treinando bem, os jogadores ficam mais perto de estarem bem, seja qual for o destino", completa.