Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, falou esta quarta-feira aos jornalistas antes de nova sessão do julgamento do ataque à Academia do Sporting. No dia anterior tinha protagonizado alguns momentos quentes com Jesus.
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Três horas depois de ter começado a responder às questões do Ministério Público (MP) e de vários advogados, Jorge Jesus foi questionado por Miguel Fonseca, o clima aqueceu e a juíza Sílvia Pires viu-se obrigada a mediar o diálogo entre as partes para evitar uma escalada que abalasse o normal funcionamento da audiência. A animosidade ficou bem patente logo na primeira questão do advogado de Bruno de Carvalho, que recebeu uma resposta provocatória por parte do técnico do Flamengo: "Antes de mais, boa tarde."
Posteriormente, Miguel Fonseca insistiu com Jorge Jesus para que este revelasse os nomes dos jogadores do Sporting que teriam "fugido" de Bruno de Carvalho após o ataque à Academia, atitude que levou Jorge Jesus a pedir palavra à juíza para se queixar do "tom de interrogatório" a que estava a ser submetido. Incomodado com a atitude deste, o advogado do ex-líder leonino contra-atacou. "Sou só um advogado, não sou um comendador", disse, fazendo uma alusão à recente distinção de que o treinador do Flamengo foi alvo por parte do Presidente da República. Foi precisamente a partir daqui que a magistrada proibiu o diálogo direto entre as partes na sessão de terça-feira.
Esta quarta, antes de entrar no tribunal, Miguel Fonseca deu alguns esclarecimentos aos jornalistas, tendo como ênfase a ideia de que William Carvalho e Rui Patrício já queriam sair do clube em 2017/18. "Quando disse 'aleluia' é que finalmente, desde o início da época 2017/18, ficámos a saber que efetivamente os dois capitães do Sporting queriam sair. E vendeu-se sempre a ideia que foi o presidente ou a administração que não deixaram. Quando tenho aquele desabafo é que finalmente se percebe por que é que pareceu em determinadas alturas da época que andava alguém a arrastar os pés dentro do balneário", afirmou o advogado.
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"É na parte em que Jorge Jesus confirma que eles não são transferidos no início da época por intervenção e imposição direta dele. Isso explica muita coisa ao longo da época. Finalmente percebermos por que não andavam bem dispostos com o clube e por que ainda hoje não estão bem-dispostos. E quando vocês ouvirem o William Carvalho vão perceber que a indisposição dele é maior do que a do Rui Patrício. Mas a explicação é essa, alguém os obrigou a ficar no clube e não foi a administração da SAD", explicou Miguel Fonseca.
A parte em que Jesus disse que os jogadores não queriam falar com Bruno de Carvalho após o ataque também foi analisada. "O Bruno Fernandes, que é um jogador que eu nem gosto nem desgosto, disse aqui que falou com o presidente depois daquilo... O sr 'encomendador' esqueceu-se que não foram os jogadores todos, pelo menos esse disse que tinha falado com o presidente e obviamente que outros também falavam. A surpresa dele foi quando foi confrontado com as mensagens que mandaram ao presidente ao intervalo do jogo com o Aves, isso é que ele não sabia", disse.
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"Dá a sensação que o senhor Jorge Jesus conseguiu estar numa reunião com a administração calado. Eu não estava lá, mas estamos a falar de uma figura que nem aqui consegue estar calado, na altura em que é para estar calado. Eu também tenho dificuldades em estar calado... Imaginem o Jorge Jesus duas horas calado a ouvir três administradores da SAD a dizerem que ia ser despedido...", atirou ainda Miguel Fonseca.