Ejaita Ifoni, apresentado no FC Porto B, é fenómeno de popularidade em Moçambique, onde assistia a vídeos dos azuis e brancos. O treinador dos Black Bulls considera que o FC Porto assegurou um jogador que "correspondeu sempre ao patamar de exigência". Porta da equipa principal pode abrir-se, mas "terá de mostrar serviço" nos bês
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Anunciado como reforço do FC Porto B, Ejaita Ifoni deixou marca em Moçambique, onde é tratado como uma estrela. Quem o diz é Inácio Soares, treinador dos Black Bulls, clube onde o avançado se sagrou campeão e melhor marcador (17 golos).
"Mesmo em Lichinga, no interior de Moçambique, onde as pessoas não veem tanto futebol, já ouviram falar do Ejaita"
"Esta transferência é o tema do momento. O Ejaita é um jogador muito famoso neste país, em Maputo toda a gente pede para tirar fotos com ele. Mesmo em Lichinga, no interior de Moçambique, onde as pessoas não veem tanto futebol, já ouviram falar dele. É muito popular", conta, a O JOGO, o técnico português, garantindo que Ejaita chega à Invicta "com noção do que se faz" no Dragão. "Está no clube de sonho dele. Nos Black Bulls, utilizávamos o FC Porto como exemplo em termos táticos, mostrávamos vídeos da equipa principal", explica Inácio Soares.
Ifoni, de 21 anos, é natural da Nigéria, mas há um processo de naturalização em curso para que possa atuar pela seleção moçambicana. Afinal, foi no país lusófono que se afirmou desde tenra idade, fruto de uma evolução meteórica e... muitos golos. "Foi peça fundamental na nossa promoção ao Moçambola. Na II divisão, marcou 21 golos em 29 jogos e, na última época, ajudou-nos muito. No jogo do título, o Ejaita bisou e até recebeu um prémio monetário, alusivo ao golo do título. O patamar de exigência foi subindo e o Ejaita correspondeu sempre", afirma o treinador dos Black Bulls, que na última época foi adjunto de Hélder Duarte nos "touros". O FC Porto tinha o dianteiro "referenciado há algum tempo" e, a julgar pelas palavras de Inácio Soares, atuou na hora certa para assegurar o empréstimo com opção de compra. "Se ele não tivesse ido agora para o Porto, de certeza que apareceria um grande clube africano para contratá-lo", atira.
Sobre a possibilidade de Ejaita se mostrar a Sérgio Conceição, Inácio Soares frisa que "a ambição é importante", mas vinca que, primeiro, "terá de mostrar serviço" na equipa B. "Mas nos últimos anos têm sido promovidos muitos jogadores jovens", ressalva.
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"Pode abrir mais portas..."
"Um clube essencialmente formador, com condições acima da média para o futebol de Moçambique" é como Inácio Soares define o projeto do Black Bulls, emblema com o qual o FC Porto estabeleceu um protocolo de colaboração em 2018. Ejaita Ifoni passou a ser um dos expoentes máximos do trabalho levado a cabo pelos campeões daquele país, graças a uma transferência que pode beneficiar outros jovens talentos. "Queremos que tenha sucesso. Se assim for, quando mandarmos o próximo jovem já será diferente. Poderá abrir mais portas para jogadores que queiram ir para o FC Porto e para Portugal", afiançou ao nosso jornal o treinador dos "Touros da Matola", que também exportaram Geny Catamo, agora no Sporting, para o futebol luso.
Quanto ao futuro, Inácio Soares, que chegou a trabalhar nas escolas Dragon Force, do FC Porto, não esconde o desejo de voltar ao clube azul e branco... a longo prazo. "Quero viver o presente, aproveitar as oportunidades que vão surgindo, ser exigente comigo, com a equipa e a formação. Estou muito bem em Moçambique, mas não tenciono ficar cá para sempre", remata o técnico, de apenas 29 anos.