Não foi fácil para o Leça arrancar para esta época. A equipa subiu à Liga 3, mas baixou por questões burocráticas. Atirado para o Campeonato de Portugal, foi preciso muita ginástica para sobreviver
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Luís Pinto tem na esposa, Catarina, e na família mais próxima uma base de apoio muito segura. Isso também o ajudou a enfrentar as dificuldades no início da época: "A três semanas de começar o campeonato arrancámos para a época com sete jogadores e depois foram chegando. A dez dias do início do campeonato tínhamos 14 jogadores".
Poucos, mas bons... "O nosso grande trabalho foi escolher jogadores que tivessem características ideais que se encaixassem no sistema que imaginámos. Quisemos escolher homens com caráter. Esse foi o maior cuidado, caráter e valores. Eu e o João Pedro (diretor desportivo) tivemos esse cuidado. Estes jogadores têm muita qualidade e condições para jogarem noutro patamar".
Muitos dizem que o futebol do Leça é muito agradável. Luís Pinto comenta: "Temos coisas para melhorar, mas temos coisas muito boas. Pode haver quem não goste. Temos um rendimento interessante e agradável para quem está a ver. Comecei a jogar futebol não sei com que idade, mas sei que foi por causa da bola. Não gostava de andar atrás da bola. Os meus jogadores gostam da bola, gostam de ter prazer. Quando não a têm há que correr como cavalos".
É esta a filosofia de Luís Pinto, um treinador resiliente e a fazer das fraquezas forças... "No início da época, houve treinadores que nos disseram que o Leça ia desaparecer, que ia morrer. Tivemos que lutar contra isso".
Álvaro Pacheco, Guardiola, Klopp...
Guardiola e Klopp estão na lista de preferências de Luís Pinto: "Gosto do trabalho deles, não vou dizer que são perfeitos e que vou atrás de tudo o que eles fazem, mas apanho uma coisa ou outra, gosto da forma como metem as equipas a jogar".
No passado não muito distante, era José Mourinho... "Ele era uma inspiração para quem quisesse ser treinador, inspirei-me também muito nele, ele foi uma espécie de impulso, de um clique na minha vida para querer ser treinador". Mas em Portugal, Luís Pinto admira outros treinadores...
"O Álvaro Pacheco, que é um treinador que subiu a pulso, tem humildade e muita qualidade, o Ricardo Soares que faz um trabalho excelente. E tantos outros. De todos tento tirar um bocadinho e depois procuro aplicar o que aprendo com eles nas minhas equipas. O profissionalismo, a paixão, a dedicação ao futebol é comum aos treinadores portugueses. Trabalho é a palavra chave para o sucesso e os treinadores portugueses têm isso. Por isso é que estão por todo o mundo e são reconhecidos".
Paga a mariscada, Arsénio
Luís Pinto acreditou sempre que eliminaria o Arouca. "Apostei com o Arsénio (jogador do Arouca), de quem sou amigo, uma mariscada em como íamos ganhar. Ainda não me pagou o jantar", diz entre sorrisos o treinador, sempre alicerçado numa filosofia: "Entrar nos jogos sempre com o pensamento na vitória". Para já, tem dado resultado. O Leça só perdeu um jogo desde o início da época.
Galil e a fé nos penáltis
No jogo com o Paredes, decidido nas grandes penalidades e que ditou o apuramento para os quartos de final, o guarda-redes Galil foi quem marcou o o penálti da vitória. Não foi o treinador quem decidiu. "Eu nunca determino quem marca os penáltis. Qualidade qualquer um deles tem para fazer golo, o problemas, muitas vezes, é a questão emocional, isso é que pode trair um jogador. Nós treinamos muito os penáltis e o Galil, nessa semana, fartou-se de treinar. Quando o vi a fazer sinal para ir marcar, pensei logo "Já passámos", porque percebi que ele estava confiante."